domingo, 10 de abril de 2016

E ESTA VIDA AGITADA?

Uma das mais repetidas queixas da humanidade atual gira em torno da real agitação da vida. Estamos na era da pressa e da velocidade acelerada. A demanda da vida, em nossos dias, é tão exigente que temos dificuldade de dar conta de nossa programação cotidiana. Com a agitação debate-se o rico e o pobre, o letrado e o iletrado, o homem e a mulher, a criança, o jovem e o adulto.

Há quem se sente escravo da agitação, quase sem tempo para o justo descanso, para a gratuidade da convivência e menos ainda para o lazer. Há quem prefere a agitação para não silenciar, nem pensar nos problemas que pesam em seus ombros. Há quem opta pela agitação para não se acomodar e garantir um justo progresso pessoal e social. Há quem se vê provocado pela agitação dos cargos e sobrecargas que lhe são confiados por sua comprovada capacidade e responsabilidade. Há quem se agita por ser de temperamento primário e extrovertido. Existem agitados e agitadores em todos os cantos do planeta.

Vida agitada pode ser benéfica quando dinamiza a vida e não permite que a rotina tome conta. Vida agitada é positiva quando nos sentimos como os atletas em campo, reunindo energias e capacidades para justas vitórias. Dizia um antigo provérbio que “águas paradas não movem moinho”. Em contrapartida, “águas em avalanche podem fazer os piores estragos”.

A natureza pode nos ensinar a ir encontrando a justa medida. Esta não vem por receita, nem por cronometragem do dia a dia, como se estivéssemos em partida de futebol. Entre vida agitada e vida estagnada, creio que todos preferimos exagerar um pouco o nosso ritmo, pela agitação da vida.

No Evangelho de Lucas, encontramos um episódio singular, onde Jesus se hospeda na casa das irmãs de Lázaro. Maria, muito tranquila, senta-se aos pés do Mestre para ouvi-lo. Marta se agita, preocupada em preparar-lhe boa refeição. Reclama por achar que Maria estava perdendo tempo e não colaborar com ela. Jesus repreende Marta e lhe diz: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada com muitas coisas. No entanto, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte que não lhe será tirada”.

Quando Jesus fala que Maria escolheu a melhor parte, não diz que Marta escolheu a pior. Creio que nessa história está um pouco de nós. Na agitação da vida há sempre o perigo natural de ignorar o que é fundamental e o mais importante. Indiscutivelmente, hoje, vivemos uma enorme crise de profundidade. Este atropelo que não permite sintonizar e responder às nossas profundas aspirações, afeta a totalidade de nossa existência humana, não só a dimensão religiosa.

Nesta vida agitada, que é resultado de muitos e diferentes fatores, se faz sentir sempre mais a necessidade de nos reeducar, tanto na vivência pessoal como na convivência familiar e social. Isto vai nos exigir uma organização no uso do tempo e, acima de tudo, a capacidade de medir nossas humanas possibilidades.

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