sexta-feira, 8 de abril de 2016

QUE TAL CRIAR O DIA DO CONTRÁRIO?

No passado, cada dia era dedicado a um santo. Hoje são dedicados às santas causas. Elas acabam atropelando e criando confusão e a pessoa se interroga: hoje é o dia de quê mesmo? E acabam não sendo levadas a sério.

Temos o dia Mundial da Água, Dia Internacional da Mulher, Dia das Mães, Dia da Criança, Dia do Professor... Isto sem esquecer o Dia do Índio, da Negritude e o da Pendura. Ao lado delas surgem outras menos votadas: Dia da Sogra, do Vendedor Ambulante, da Parteira, do Ferreiro, do Carroceiro, do Afiador de Facas, do Cuidador das Cavalariças, Negociante, Oleiro, Vidraceiro, Porteiro...

Nem todas as datas são positivas: Dia contra a Aids, contra o fumo, contra o barulho, Dia sem Celular, sem automóvel, sem televisão... Existem ainda datas que parecem fugir do controle: Dia do Mico Leão Dourado, Dia Contra os Terremotos, Dia da Mentira...

Em meio à confusão indisciplinada de datas, parece faltar uma: o Dia do Contrário. Nesse dia, cada pessoa deixaria seu lugar para assumir o lugar do outro, especialmente daquele com quem contracena.

Cada questão é percebida a partir de um ponto de vista. E todo o ponto de vista é visto a partir de um ponto. Um exemplo clássico seria o Dia do Contrário numa família, todos mudando de lugar. O marido assumiria as tarefas da esposa; os filhos tentariam ver a realidade a partir do ponto de vista dos pais. E vice-versa.

Oportuno também seria fazer valer o Dia do Contrário nas rodovias. O pedestre veria a realidade pilotando um carro, enquanto o motorista assumiria as dificuldades do pedestre. Na sala de aula, professor e aluno trocariam de lugar. O mesmo aconteceria nas empresas: a troca de posições entre o patrão e o empregado. Salutar também seria a troca de posições nas igrejas. Os pregadores sentariam nos bancos, enquanto um leigo faria o sermão. No futebol, a troca seria entre o juiz e os jogadores; na política, o eleitor assumiria o comando e os políticos obedeceriam às leis.

Este exercício alargaria a visão. Na realidade, no dia a dia, funciona a famosa lei do jogador Gerson: o jeitinho, cada um querendo tirar vantagem. Agimos como se todos os outros fossem nossos concorrentes e, não raro, assumimos a posição de donos da verdade.

Há oitocentos anos, Francisco de Assis descobrira a solução: o irmão deve ter sempre a primazia, o irmão é sempre maior do que nós. Isso coloca em destaque a dimensão do serviço. E o próprio Jesus assumiu esta postura. Ele deixou sua divindade e assumiu a condição humana.

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