domingo, 17 de abril de 2016

E A TUA VIDA, COMO ANDA?

Nietzsche escreveu um aforismo intitulado “O Maior dos Pesos” dizendo algo tão poderoso que só uma mente brilhante poderia ter dito. E nós, mentes não tão brilhantes assim, temos dificuldade de entender, mas não nos será impossível se ousarmos algum esforço.

Diz o a aforismo: “E se um dia, ou uma noite, um demônio lhe aparecesse furtivamente em sua mais desolada solidão e lhe dissesse: "Esta vida, como você a está vivendo e já viveu, você terá de viver mais uma vez e por incontáveis vezes; e nada haverá de novo nela, mas cada dor e cada prazer e cada suspiro e pensamento, e tudo o que é inefavelmente grande e pequeno em sua vida, terão de lhe suceder novamente, tudo na mesma sequência e ordem - e assim também essa aranha e esse luar entre as arvores, e também esse instante e eu mesmo. A perene ampulheta do existir será sempre virada novamente - e você como ela, partícula da poeira! - Você não se prostraria e rangeria os dentes e amaldiçoaria o demônio que assim falou? Ou você já experimentou um instante imenso, no qual lhe responderia: "Você é um deus e jamais ouvi coisa tão divina!". Se esse pensamento tomasse conta de você, tal como você é, ele o transformaria e o esmagaria talvez; a questão em tudo e em cada coisa, "Você quer isso mais uma vez e por incontáveis vezes?, pesaria sobre os seus atos como o maior dos pesos! Ou o quanto você teria de estar bem consigo mesmo e com a vida, para não 'desejar nada além dessa última, eterna confirmação chancelada'? (Nietzsche - "A Gaia Ciência").

Deixemos de lado interpretações cosmológicas desse aforismo e concentremos a atenção para o aspecto psicológico. E o que seria se concentrar no aspecto psicológico do conceito do eterno retorno? Significa várias coisas, mas a principal é de que ele estabelece um critério infalível de vida autêntica, bem sucedida e feliz. Se olharmos para nossa vida e perguntarmos: a vida que estou levando eu gostaria de continuá-la vivendo por incontáveis e sucessivas vidas infinitamente? Se eu responder que sim, então minha vida tem sido autêntica, correta e vivida no máximo de sua intensidade possível. Se eu responder que sim, então, não terei nada a reclamar, nada a mal dizer, nada e ninguém culpabilizar, e a tudo perdoar.

Agora, se eu responder que não, que não gostaria de viver a vida que tenho vivido, então, melhor dar um jeito e mudar de vida. Só assim a autenticidade operará em mim e merecerei a felicidade, finalidade de todas as ações.

Amar o próprio destino, amar a vida que se tem e vivê-la na maior intensidade e sinceridade, eis o que podemos fazer de melhor para merecermos continuar vivendo e almejarmos uma vida feliz.

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