quarta-feira, 20 de abril de 2011

CÓDIGO FLORESTAL: AVANÇOS E AMBIGUIDADES.

Cabe ao Congresso Nacional bater o martelo numa questão complexa e que pode fazer a diferença no futuro do país. O projeto de lei que muda o Código Florestal, cujo relator é o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), ainda não foi suficientemente trabalhado em seu todo. O próprio alinhamento de forças retrata a ambiguidade da questão. De um lado situam-se os ecologistas e entidades como Fetraf-Sul e Movimento dos Atingidos por Barragens; de outro, juntos, pequenos produtores ligados à Contag e o agronegócio.
No fundo, trata-se de um embate entre as mais representativas entidades da agropecuária e a ecologia - esta, com apoio de movimentos mais à esquerda no mapa ideológico do campo. Mas não se pode ignorar outra indagação: até onde é possível o desenvolvimento sustentado?
A floresta brasileira vem sendo dizimada. A Mata Atlântica, que já cobriu 350.000 quilômetros quadrados, vê-se reduzida a menos de 10% de seu tamanho original. Nos últimos anos, a Floresta Amazônica perdeu mais de 300 mil quilômetros quadrados. Ainda existem cerca de três mil empresas cortando árvores na região. De resto, o tradicional machado e a motosserra marcaram sua presença em toda a parte, não respeitando nem as nascentes dos rios.
De dimensões continentais, o Brasil tem áreas e biomas totalmente diferentes e isto precisa ser levado em conta numa proposta de legislação florestal. É preciso avaliar e respeitar a realidade de cada região. Uns esperam a anistia dos crimes ambientais cometidos antes de 2008. Os outros - em especial agricultores gaúchos e catarinenses - esperam poder continuar trabalhando e compondo a mesa dos brasileiros. No centro deste cenário, a floresta pede licença para sobreviver. Por fim, o risco da promulgação de um código que não poderá ser cumprido pelas partes afetadas.

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