quarta-feira, 20 de abril de 2011

AS QUALIDADES SOBRENATURAIS DA ECONOMIA


Na capa do jornal Zero Hora do dia, 17/4, há uma chamada fantasmagórica: “Economia multiplica oportunidades, transforma famílias e redesenha as relações de trabalho, como conta série de reportagens até a sexta-feira”.

A Economia rebessiana é um ente mágico, fantasmático, com capacidade de modificar o país, a ponto de ZH apontar que estamos diante de uma “nova sociedade”, uma “vida de pleno emprego”.
O sujeito da oração, para ZH, é a Economia. Ponto. Como se essa Economia (sim, com letra maiúscula) fosse algo autônomo em relação à Política, como se a Economia fosse orientada por deuses ocultos e inexpugnáveis.
A leitura da tal reportagem de ZH não dá nenhuma pista sobre o possível sujeito oculto que manobra com tão mágica Economia. Não cita Lula, não menciona Dilma, esquece que o país sofreu cerca de três décadas de hegemonia do capital financeiro (que ainda perdura), quando era proibido pensar em desenvolvimento econômico. Pleno emprego era palavrão. E o grupo RBS esteve de acordo com aquele estado de coisas. Pior: é produto daquela situação histórica, que tantos males geraram para o País e seu povo.
Agora esquecem este detalhe. O grupo RBS é uma empresa midiática de esquecidos. Preferem atribuir à Economia propriedades mágicas, fetichistas e autonomistas.
Já sabemos, causa menos embaraço ao seu próprio passado, além de uma vantagem marginal: fazer jornalismo ficcional – lidando com elementos de magia e ilusão - é mais confortável do que contar a verdade dos fatos e encarar a vida como ela é.

Diário Gauche

Nenhum comentário:

Postar um comentário