quarta-feira, 17 de novembro de 2010

SENHOR ABRAVANEL I

Silvio Santos, aliás Senor Abravanel, continua à espera de um ator-diretor com os dotes e o gênio de Orson Welles para contar a versão nativa de Cidadão Kane, a epopéia de um ex-camelô que quando fez o serviço militar saltava tão bem de pára-quedas – literalmente – que caiu nas boas graças de um comandante da Aeronáutica da ditadura, ganhou um canal de TV e transformou-se numa figura emblemática da TV brasileira.

Começou com um programa de compras e prêmios, o Baú da Felicidade, terminou com um mini-império midiático-financeiro que acaba de se esborrachar – literalmente – com a descoberta de uma gigantesca fraude no Banco PanAmericano.
Carioca da gema, criado na velha Lapa (bairro boêmio hoje em recuperação), onde se acotovelava a comunidade sefardita, judeus de origem mediterrânea remanescentes do Império Otomano. Seus pais ainda falavam o ladino, dialeto judeu-espanhol que herdaram dos antepassados expulsos da Espanha por Isabel, a Católica.
Pai grego, mãe turca, charme, lábia e audácia de malandro carioca, Silvio Santos trocou o bimilenar sobrenome Abravanel originário do VT – Velho Testamento – e acabou transformando o SBT num trampolim para o poder. Chegou a armar uma candidatura à presidência da República, mas foi barrado por Fernando Collor de Mello. Se conhecesse História Geral ou, pelo menos, mais detalhes da sua pré-história pessoal saberia que a faixa presidencial pode ser envergada por qualquer um, menos por um judeu. Coisas do Estado laico.



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