sexta-feira, 19 de novembro de 2010

INIMIGOS OU ALIADOS?

Um monge vivia no alto da montanha, em meio à solidão da floresta. Raramente descia ao povoado para buscar algumas coisas de estrita necessidade. Um habitante da aldeia quis saber se ele não se aborrecia ficar sozinho, na solidão, sem nada fazer. Com indulgência, garantiu que tinha muito trabalho. E explicou: tenho de domar dois falcões, treinar duas águias, manter quietos dois coelhos, vigiar uma serpente, carregar um burro e domesticar um leão.

Diante da perplexidade do interlocutor, o monge explicou: esses animais estão dentro de nós. Os dois falcões se lançam sobre tudo o que aparece, bom ou mau. São os meus olhos. As duas águias ferem e destroçam com suas garras; são minhas mãos. Os dois coelhos querem ir onde lhes agrada, nem sempre os melhores lugares; são meus pés. O mais difícil de vigiar é a serpente. Ela precisa estar presa numa jaula de 32 barras, sempre pronta a morder e envenenar quem está perto. É a língua. Já o burro é preguiçoso, obstinado e, muitas vezes, não quer cumprir suas obrigações. Este é meu corpo. Finalmente preciso domar o leão. Quer ser rei, é vaidoso, soberbo e orgulhoso. É o meu coração.

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