sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A DEMOCRACIA PRECISA DE UM VOTO DE CONFIANÇA

Entre o desencanto de muitos e o fanatismo de outros sucedem-se os lances do jogo democrático do segundo turno. A esperança de que esta etapa eleitoral ajudasse a clarear os grandes projetos para condução do país - por enquanto - não está acontecendo. Mais do que debates, os programas gratuitos de rádio e televisão mostram dois lutadores no ringue, nem sempre dispostos a jogar limpo.

Os meios de comunicação, os marqueteiros e o poder econômico acabam por direcionar o processo democrático. Em 1959, John Kennedy venceu Richard Nixon num memorável debate transmitido pela TV norte-americana, costa a costa. Em 1989, foi a vez de Fernando Collor garantir a eleição contra Lula, lançando mão de um duvidoso expediente que envolvia a filha do oponente. De eleição para eleição ganham projeção os marqueteiros, cuja função é aliciar votos num jogo de esperteza. Outro fator determinante é o uso e abuso do poder, econômico e institucional, na fase pré-eleitoral.
O chanceler Otto Von Bismarck já alertava sobre as três ocasiões em que mais se mentia: durante a guerra, depois das pescarias e antes das eleições.
Mesmo assim, os brasileiros precisam ir às urnas no dia 31 de outubro. Abster-se, votar em branco ou anular o voto é um péssimo desserviço à democracia. Os que se omitem se tornam responsáveis pelos erros que serão cometidos. O analfabeto político - expressão de Bertold Brecht - é o pior dos analfabetos: ele não ouve, não fala, nem participa de qualquer acontecimento político. Ele não sabe o custo da vida.
Com seus erros e ambiguidades, a democracia é o melhor sistema de governo. É votando que o povo, lentamente, aprende a votar. A democracia tem os remédios contra seus próprios erros. Proteste, discuta, desconfie, brigue, mas vote.

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