segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ADEUS CHEFE!

Acabo de perder meu grande e bom amigo Valter Bündchen. Um horizontinense apaixonado por esta terra, cuja história ajudou a construir de varias formas e jeito. Vai ser lembrado pelas pessoas de Pranchada, de Horizontina, de Brasília, de Januária, enfim,por pessoas de todo o Brasil que o conheceram, respeitaram, odiaram e amaram pela forma que conduziu cada uma das atividades que exerceu. Foi Taxista, Madeireiro ,Oleiro, Criador de suínos, Vereador, Prefeito, Empresário, Reflorestador, Pecuarista, Comerciante, pai de família e amigo. Eu, em particular vou        lembra-lo, admira-lo, simplesmente e carinhosamente como “O CHEFE” pois foi assim que o tenho chamado nas ultimas décadas.

O chefe, faz parte de muitos momentos importantes da minha vida. Quando construí a minha casa, precisei de tijolos e telhas e não tinha dinheiro para comprar. Mas eu tinha um programa dominical na rádio Vera Cruz e fui a Pranchada propor ao chefe uma troca de patrocínio pelas telhas e tijolos que precisava. “ Não é um bom negócio pagar adiantado o patrocínio do programa, mas vou te ajudar disse o chefe”. No outro dia o material estava no local da obra e minha casa pode ser concluída.

Outra vez, eu, desempregado, o chefe me disse: “ Vou comprar um espaço radiofônico para fazer um programa na Rádio da minha empresa Agro Mercantil Cacique, cria uma idéia e apresenta o programa”. Surgiu ali, um dos programas mais ouvidos e até hoje lembrado: Na taba do cacique. Nome estranho, mas o que ninguém sabe é que foi assim chamado por ser a Taba do Cacique, a casa do chefe.

O chefe numa oportunidade teve seu nome cogitado para ser Interventor, ou Prefeito nomeado pelo governo da revolução. Embora eu fosse contra a revolução e contra a nomeação dos administradores municipais, pois tinha sido obrigado a fechar o meu Jornal e ido para o SNI (Serviço Nacional de Informação) justamente por um artigo escrito contra as Áreas de Segurança Nacional na administração Lückemeyer, torci para que ele fosse o escolhido. Na minha opinião ele era o mais competente e merecia ser o chefe municipal. Foi o melhor Prefeito que Horizontina já teve.

Alguns anos depois, Já morando em Brasília e administrando a empresa de Reflorestamento na Fazenda Lagoa da Pedra, o chefe me proporcionou uma das grandes experiências da minha vida: Viver três meses em pleno sertão mineiro, há 300 quilômetros da civilização. Esta experiência, mudou completamente a minha visão de mundo e com certeza ajudou para me tornar um homem melhor. Quanto ao Chefe, quem sabe, quem viu, quem participou do que ele fez e passou, não tem por que não admira-lo e te-lo como exemplo. Aquilo era coisa de pessoa muito especial. Aquilo como diz o gaúcho, era coisa de Macho e o chefe levou a bom termo com competência e honradez.

Tempos depois, o chefe volta a terra que tanto amou para viver os últimos anos de sua vida. Neste período, nos encontramos quase que semanalmente, para a troca de idéias e para botar conversa fora. O dia chegou. Embora com 84 anos, o dia ainda chegou muito cedo. Mas sei Chefe que tu vais feliz. Feliz por que vais encontrar com a tua Lucila, mãe dedicada e carinhosa de teus filhos. Vais feliz por que tivestes a oportunidade de ver todos os teus reunidos, alegres e felizes no casamento da Patrícia. Vais feliz e leve pela certeza do dever cumprido. Vais feliz por ter agido com retidão e honra. És um daqueles que a Pátria chora quando vai , num país em que a Pátria tem que chorar por tantos quando nascem. Fostes um exemplo. Fostes um bom exemplo que merece ser seguido. Sentirei saudade, mas fico feliz por te-lo conhecido e convivido. Adeus Chefe.

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