sexta-feira, 3 de setembro de 2010

QUEIMADA ELEVA RISCOS DE EROSÃO E EMPOBRECE SOLO

Fogo, fumaça, destruição, poluição e muita reclamação. Por que os agricultores queimam capoeiras, matas e pastagens? Para recompor a fertilidade do solo, eliminar a pausada que fica após a derrubada e assim poder plantar a lavoura, ou limpar a pastagem das plantas invasoras e pragas. São essas as principais explicações.
Quem pode, usa máquinas para o preparo de lavouras. Já o produtor familiar, quase sempre descapitalizado, continua fazendo uso do fogo, quase um mal necessário. Segundo estudos da Embrapa, embora logo após esse processo se obtenha uma razoável produção, nos anos seguintes observa-se queda drástica, em função dos efeitos maléficos das queimadas.
Para Luciano Kayser Vargas, doutor em ciência do solo que atua na área de microbiologia do solo da Fepagro, a queimada acelera a oxidação do carbono orgânico dos resíduos vegetais e da matéria orgânica nas camadas superficiais do solo. “Este carbono, que seria oxidado lentamente, via ação de microrganismos, e parte permaneceria no solo, com a queima é oxidado rapidamente, sem permanecer no solo e sem promover sequestro de carbono (muito pelo contrário)”, explica.
A tendência de solos submetidos à queima frequente, ensina Vargas, “é a redução da matéria orgânica, com consequente perda de qualidade em todos os aspectos (físicos, químicos e biológicos)”. A matéria orgânica é o principal componente da qualidade de um solo. A queima pode promover aumento de pH pela liberação de óxidos e de carbonatos, mas este efeito, que seria benéfico, é transitório.
De acordo com ele, o fogo pode diminuir a capacidade de infiltração e a capacidade de retenção de água no solo, pela degradação da estrutura associada à redução da matéria orgânica. Além disso, o solo submetido à queimada acaba ficando descoberto (ou com a cobertura bastante reduzida), o que aumenta os riscos de erosão.
“Há perdas de nutrientes por volatilização, especialmente enxofre e nitrogênio”, afirma Vargas. Estima-se que a queima de vegetação no Cerrado, no Centro-Oeste do país (única região com pesquisa completa sobre as consequências das queimadas no solo), leve à perda de 88% de nitrogênio e de 75% de fósforo. “Não há dados para as queimadas de campos no RS, mas, certamente, essas ocorrem, mesmo que em magnitude menor”, observa. Há ainda perda de nutrientes das cinzas por erosão e por lixiviação de minerais solúveis.







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