sexta-feira, 10 de setembro de 2010

AOS JORNALISTAS QUE ESCREVEM OU FALAM O QUE LHE MANDAM E NÃO O QUE PENSAM.

Em 1998, Revel foi convocado para falar na Academia Francesa. E ele, contemplando o século XX, diante do pavoroso cenário de desastres produzidos pelas decisões políticas dos homens, encerrou e sintetizou a sua reflexão sobre a virtude com duas perguntas:- E se a honestidade fosse a verdadeira habilidade? - E se aprendêssemos finalmente a preferir Montesquieu a Maquiavel?
"Num governo popular, aquele que executa as leis sente que ele próprio se encontra a elas submetido. (...) Num Estado popular, há que haver uma instância a mais, a Virtude".

"(...) Já que todos os cidadãos são iguais perante a lei na democracia, eu jamais estou sozinho na conquista de um novo direito. Se o tenho é porque os outros também o têm. Atribuindo-o a todos os meus concidadãos, empenho-me em respeitá-lo diante deles tal como diante de mim, o que limita a liberdade de cada um".
"A correlação íntima entre o direito e o dever tornou-se impopular nas democracias modernas. Nelas prevalece a ilusão de que cada um pode estender ao infinito o campo de suas liberdades, em conseqüência do que invade as liberdades alheias. O direito só existe para mim, jamais em meu detrimento".
“Nenhuma causa é justa se só podemos defendê-la com métodos injustos. A abjeção dos meios demonstra a abjeção dos fins”.
"O cínico e excessivamente célebre adágio de que os fins justificam os meios - ou, dito de outra maneira, que o mal é permitido desde que provoque um bem - traduz uma ilusão particularmente perigosa para aqueles que escrevem e falam por profissão”.
Pois para quem escreve e fala por profissão, Revel propôs a seguinte máxima, muito simples:
“Como todos, temos o direito de errar; mas menos do que qualquer outro temos o direito de mentir".

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