segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A IMPORTANCIA DO SILENCIO

No coração da vida, um dos tesouros mais preciosos a situar é a linguagem do silêncio. Falar assim na era da comunicação parece ser uma afronta. Bom é que apenas pareça, porque na realidade o silêncio é a raiz mais necessária para qualificar a verdadeira comunicação. Nosso problema do momento é a superexaltação dos meios e a pouca preocupação por aquilo que se comunica através deles. Sendo assim, geralmente o tema do silêncio não faz parte da agenda dos congressos ou cursos de comunicação.
Para a pessoa medíocre, o silêncio é ignorância; para a pessoa consciente de sua dignidade, o silêncio é recolhimento; para a pessoa sábia, o silêncio é comunicação.
Não tenho dúvida de que o silêncio é a linguagem própria do nascimento. Nove meses de fecundo silêncio envolvem uma vida em gestação. A semente, lançada na terra, germina no silêncio do dia e da noite, para comunicar flores e frutos. As melhores decisões que geram vida nova nas pessoas são elaboradas no silêncio. O silêncio é também a linguagem que acompanha o momento decisivo de nossa passagem para a vida eterna.
Nascemos do silêncio eloquente do amor de Deus. Nascemos do silêncio de um “sim” de nossos pais. Nascemos constantemente do silêncio de nossas interiores decisões. Nascemos do silêncio, sem nenhuma explicação humana, para a vida definitiva.
Um sábio oriental, Swami Vivekananda, recomenda-nos este simples exercício:
“Senta-te na chegada da aurora. Para ti nascerá o sol. Senta-te na chegada da noite. Para ti brilharão as estrelas. Senta-te à beira do riacho. Para ti cantará o rouxinol. Senta-te junto ao silêncio e Deus te falará”.
Evocamos aqui a manifestação de Deus ao profeta Elias no monte Horeb: “Antes do Senhor, veio um vento impetuoso e forte, que desfazia as montanhas e quebrava os rochedos, mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto. Passado o terremoto, veio um fogo, mas o Senhor não estava no fogo. E depois do fogo ouviu-se um murmúrio de uma brisa suave” (1Rs 19,11b-12).
Foi ali que Elias ouviu o Senhor e partiu em missão.
A linguagem da fé é a linguagem do silêncio, pois a fé começa sempre com uma pergunta. E toda a pergunta, mesmo declarada, nasce do silêncio de um coração que busca. “Sem um empenho e uma decisão interior não conseguimos apreciar o profundo encantamento do silêncio e, a partir daqui, uma comunicação autêntica conosco mesmos, com os outros, com a natureza e com o mistério” (Carlo Maria Martini).
Nossos tempos, com seus avanços, trazem consigo um risco de arrancar a pessoa de dentro dela mesma. Às vezes temos a impressão de estar fora de casa, sem aconchego mesmo em nosso íntimo. Parecemos uma casa desabitada de nós mesmos. A linguagem do silêncio, com certeza é a melhor linguagem do amor para a vida.

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