sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O LIVRO E O PRATO

É recente  a conclusão de que a merenda era o atrativo para evitar a evasão e, mais do que isso, para que o estudante pudesse receber o mínimo de proteínas indispensável à aprendizagem. E a merenda foi transformada em refeição, para satisfação de milhões de crianças.

Agora a escola descobre nova demanda, que subverte modelos, foge dos currículos normais, mas se tornou imprescindível: ajudar a educar o aluno a se alimentar. Esta aparente inversão é reflexo de uma realidade que constrói situações de absoluto paradoxo: de um lado, um bilhão de pessoas passam fome; de outro, um número maior ainda tem problemas de saúde causados pela obesidade.
A questão deixou de estar limitada ao cenário tão bem descrito por dom Pedro Casaldáliga, em que a fartura de poucos contrasta com a privação da maioria. Sofrem os que estão com o prato vazio e aqueles que vivem na abundância.
As dúvidas sobre a capacidade da Terra produzir alimentos para todos os seus habitantes foram desfeitas. A falta de comida em muitas regiões poderia ser suprida se houvesse uma melhor distribuição e menos desperdícios. As incertezas agora são outras, a começar pelo futuro de gerações doentes devido a incorretos e perigosos hábitos alimentares. Modelos de comportamento forjados na inconsequência se tornaram ameaça à vida humana. E isso só se combate com o retorno da valorização ao equilíbrio e ao bom senso. A escola, pelos exemplos colhidos, está mais uma vez cumprindo o seu papel; falta a sociedade como um todo também assumir a sua responsabilidade.

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