sábado, 4 de setembro de 2010

LEITURA: DO QUE DEPENDE A SUA SOBREVIVÊNCIA?

O término da 21ª Bienal do Livro de São Paulo mais uma vez colocou em evidência um espectro que ronda o mercado editorial e o universo de leitores já há alguns anos: o fantasma do livro digital. É bom lembrar, antes de mais nada, que um fantasma não é essencialmente uma entidade maléfica, assim como não o é, em essência, o livro digital, ou e-book. Mas algumas leituras muito apressadas e propagandas mais apressadas ainda têm causado reações precipitadíssimas, para o bem ou para o mal mas, sobretudo, por uma compreensão parcial de tudo o que envolve o livro digital, o próprio livro, a leitura e até mesmo a educação como ela é, pois ainda se trata da principal fonte de formação de novos leitores
Antes que o livro mudasse, a própria leitura mudou. Em uma época marcada pelo exagero do uso da imagem, a palavra está em decadência e o discurso, fragmentado e cada vez mais dissociativo. Mesmo assim, o desafio da leitura continua a ser como uma busca por consistência no acesso aos bens culturais. Maiores ainda são as dificuldades de concretizar uma leitura online porque há sempre uma forma de que anúncios publicitários resolvam sacudir as telas de leitura e inúmeras portas de saída convocando a atenção do incauto leitor. As pessoas que estão atualmente preocupadas em saber qual tecnologia se vai consolidar em lugar do livro nos próximos cinco anos poderiam parar de pensar um pouco em aparelhos e pensar mais em como a leitura e seu acesso poderão ser garantidos e ampliados a todas as pessoas porque, do contrário, não haverá evolução a encontrar neste processo, mas uma ainda maior elitização do que a já existente.

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