domingo, 3 de fevereiro de 2013

É UM MAL SOCIAL

Um trecho do trabalho de Rosires: “A saúde está relacionada à sustentabilidade. A degradação ambiental e social, decorrente de um modelo econômico predatório e globalizado, contribui para a existência de condições inadequadas ou insuficientes, atingindo diretamente a qualidade da vida humana no planeta. Entre as causas dessa situação estão o crescimento sem precedentes da população humana, urbanização não planejada, aumento da temperatura global, da densidade e da distribuição dos mosquitos vetores, e a deterioração da infraestrutura de saúde”.

O lugar onde as pessoas vivem tem relação direta com as condições de saúde. Um bilhão de pessoas vivem em favelas, ou em cortiços, ou em habitações sem condições nenhuma de sobreviver. No Brasil, calcula-se entre 10 e 15% da população vivendo em favelas.

“A dengue é um mal social, que vai desde a ignorância pura e simples até a arrogância”, comenta Rosires Barros. É fato, pelas campanhas públicas, que os moradores precisam colaborar no combate à dengue, porque o mosquito coloca seus ovos em água limpa, em caixas d’água, tambores, bebedouros de animais domésticos. No campus da UFRN, os agentes de saúde encontraram focos em copos descartáveis de alunos e professores dentro do campus universitário. Em 147 residências visitadas mais de uma vez por equipes de saúde, com entrevistas com moradores, é surpreendentes que apenas 6,1% considerem os quintais como área de convivência e de lazer. Preferem a sala, a cozinha, o quarto com televisão.

Como comentou um agente de campo: as pessoas se preocupam com as fachadas das casas e esquecem os quintais. Também tem medo de informar os vizinhos que foi encontrado um foco na sua casa.

A pesquisadora Marta Pignati, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Mato Grosso, mostrou como algumas infecções voltaram a afligir as populações, como a tuberculose, a hepatite e a malária no Brasil. Na verdade são as mesmas do mundo. 

E ela analisa muito bem esta questão: “Em um período recente, as mudanças sem precedentes no ambiente, o crescimento econômico, a crise social, o advento da aids estão contribuindo para a emergência de novas doenças e o reaparecimento de outras antigas. Embora os avanços da tecnologia médica pudessem controlar várias doenças infecciosas, algumas delas ressurgiram no mundo com novas identidades e com novos padrões de comportamento”.

Entre as muitas previsões otimistas e delirantes, estava a erradicação de doenças infecciosas como a tuberculose e a malária. Na Índia, os medicamentos que tratam da tuberculose não fazem mais efeito. Além disso, metade dos soropositivos em HIV perdem as defesas contra a bactéria que transmite a tuberculose e contraem a doença. 

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