sábado, 9 de fevereiro de 2013

DOAÇÃO DE PELE. COMO É USADA NO PACIENTE



A tragédia de Santa Maria também lança luz sobre um tipo pouco conhecido de doação, o de pele. O Ministério da Saúde acionou os bancos de pele do país e de nações vizinhas para garantir o material necessário à recuperação das vítimas com queimaduras graves. As doações vieram dos Estados brasileiros de São Paulo e Pernambuco e do Chile, Uruguai e Argentina. 
O enfermeiro Alexandre Lumertz, do Banco de Pele do Rio Grande do Sul, explica que a coleta é feita por meio de uma microrraspagem nas costas e na coxa posterior, retirando apenas a primeira camada da pele, com cerca de 1,5 milímetro de espessura. Logo após, os tecidos são processados, passando por vários exames e tratamentos, e então armazenados de 30 a 40 dias.
Quando alguém necessita de um transplante de pele, uma série de exames é realizada para avaliar o tamanho e o tipo do tecido necessário. A pele doada não substitui definitivamente a pele do paciente, como muitos imaginam. O transplante de pele tem caráter provisório.
O material funciona como um curativo biológico, que evita a perda de líquidos e auxilia na recuperação natural do corpo. O curativo dura em torno de uma semana e vai sendo substituído. Em média, a vítima de uma queimadura grave precisa de três doações de pele diferentes. Após três ou quatro semanas de curativo biológico, se faz um autotransplante (enxerto), que consiste em remover um pedaço de pele de uma área do próprio corpo, por exemplo, das costas, e transferir para outra.
A Sociedade Brasileira de Queimaduras estima que ocorra um milhão de casos de queimaduras a cada ano no país. Desse total, aproximadamente 5.000 poderiam se beneficiar dos bancos de pele. Somente no Rio Grande do Sul ocorre um caso de queimadura grave por dia. Quando não há estoque suficiente de pele nos bancos, os médicos podem recorrer a peles sintéticas, de celulose.
Quase todo indivíduo entre 12 e 70 anos pode ser doador de pele, após a confirmação de morte encefálica ou por parada cardiorrespiratória. Mas a coleta precisa ser autorizada pela família, como nos demais casos de doação de órgãos e tecidos.
Algumas doenças de pele e infectocontagiosas (como hepatites e Aids) inviabilizam a doação. Após a retirada, são necessários até 40 dias para tratar as camadas de pele retiradas do doador, para que o material fique estéril e não haja risco de contaminação para o receptor.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o ideal é que cada cidade com mais de 500 mil habitantes conte com um banco de pele. Não é o que acontece no Brasil. O país possui apenas três bancos: um em São Paulo, um em Porto Alegre e outro, o mais novo, em Recife. 

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