quarta-feira, 5 de maio de 2010

SAÚDE: Mais de 30 mil pessoas esperam transplante, hemodiálise é insuficiente

Treze milhões de brasileiros apresentam algum grau de problema renal, segundo o mais recente levantamento da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), mas 90% desses pacientes não sabem que estão doentes, porque os sintomas só aparecem quando o rim já perdeu grande parte da sua função. O número de pessoas acometidas pela doença é duas vezes maior do que o registrado há uma década e os casos vêm crescendo a um ritmo de 10% ao ano. Do total de 13 milhões, 95 mil estão em estágio grave, dependendo de hemodiálise ou na fila do transplante.

De acordo com o estudo, o aumento dos casos de diabetes e hipertensão, além de uma preocupação maior com o diagnóstico da doença, são os principais fatores que levaram ao incremento dos números. No Brasil, a hipertensão é a principal causa da insuficiência renal crônica, seguida por diabetes. Juntas, essas enfermidades respondem por 60% dos casos da doença.
A insuficiência renal é mais uma das doenças classificadas como silenciosas. Quando o corpo dá sinais claros de que algo está errado, em geral, o órgão já perdeu 50% de sua capacidade. O rim funciona como um filtro, removendo sais, toxinas e outras substâncias que estejam circulando em quantidade excessiva no organismo. Esse órgão, que tem o tamanho de um punho fechado, também é responsável pelo controle da pressão arterial e pela produção e liberação de glóbulos vermelhos pela medula óssea.
Conforme as pesquisas da Sociedade Brasileira de Nefrologia, os índices de mortalidade vêm aumentando em torno de 1% ao ano nos últimos quatro anos, chegando a 17%. Um dos fatores que contribuem para o alto índice de mortalidade da doença é a falta de vagas para a realização de hemodiálises. Seis mil pacientes por ano não têm acesso a esse tratamento ambulatorial, fundamental para mantê-los vivos. “Noventa por cento da população com a doença fazem tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e a quantidade de clínicas disponíveis é a mesma há muitos anos. Deveríamos estar fazendo hemodiálise em 300 mil pessoas”, alerta o presidente da SBN, Emmanuel Burdmann. “Com a hemodiálise, o paciente ganha tempo de vida, enquanto espera pelo transplante”, completa.
No procedimento de hemodiálise, uma máquina realiza o trabalho que deveria ser feito pelo órgão doente, enquanto o paciente aguarda por um novo rim. Entretanto, a fila de espera pelo transplante renal aumenta anualmente. Conforme levantamento do Ministério da Saúde, no primeiro semestre do ano passado, 31.270 pessoas aguardavam pelo órgão. No mesmo período, foram realizados apenas 1.237 transplantes.

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