quarta-feira, 26 de maio de 2010

IMPRENSA DE VERDADE E O RESTO

É absolutamente inadequado e, às vezes, altamente lesivo, o emprego fácil e sem critérios do termo "imprensa" para referir-se, indistintamente, a toda empresa cuja atividade é a comercialização de conteúdos informativos impressos ou audiovisuais. Atribuir a certas empresas a qualidade de integrantes dessa categoria política e social tão prestigiada apenas porque exploram canais de comunicação como jornais, revistas, rádio ou televisão é equívoco terminológico e conceitual grave e deve ser evitado, já que confunde o público e o induz a conclusões indevidas.
A imprensa é a instância social e política incumbida de informar amplamente o cidadão sobre temas novos, relevantes ou atuais, e encarregada de realizar debates e reflexões de dimensão pública sobre os assuntos referidos, inspirada por elevado padrão ético e nos termos dos princípios democráticos típicos de todo o ordenamento jurídico que viabiliza a sua existência efetiva.
Ainda que necessite de recursos financeiros para sobreviver e de lucro para crescer e remunerar corretamente os profissionais e investidores envolvidos em seu negócio, a imprensa só poderá conservar esse nome se conseguir manter-se leal à sua função primordial, antes citada. E, com certeza, há como fazê-lo, uma vez que muitos já realizaram tal façanha, em diferentes partes do planeta, ao longo da história.
Você sabe como distinguir um do outro? A tarefa de escolher de que fonte beber é árdua e constitui direito que o cidadão não tem como delegar a ninguém. Exige estudo e intensa observação. A investigação requerida pode dar trabalho. Mas vale a pena. O importante é desconfiar, comparar, criticar, protestar. E empregar o nobre termo "imprensa" de modo altamente seletivo. Afinal, é preciso preservar o valor e o significado das palavras.

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