domingo, 2 de outubro de 2016

MUDAR?

Os modelos, sistemas e padrões não são perenes. Ademais, para subsistir é preciso capacidade de reinvenção. Tudo na história humana vive sob esta condição, a mudança. Mas, os elementos mais importantes da mudança são as conquistas em termos de qualidade de vida e o crescimento do ser humano. Isso pode representar, então, uma libertação de situações de exclusão social, humana. Nesta visão a mudança não é desoladora e sim promissora às pessoas e à humanidade.

A história humana seria cruel se não evoluísse nos modelos, sistemas e padrões éticos, sociais, políticos, econômicos, etc. Provavelmente os problemas humanos subsistiriam e aumentariam. O problema maior sucede quando as mudanças ocorrem sem obedecer à ética e ao crescimento humano. Nada desaparece porque simplesmente é péssimo e não mais corresponde a circunstâncias da vida e anseios das pessoas. Há poucas décadas alguns teóricos apontavam o fim do socialismo como sistema. Outros escreviam sobre o esgotamento da espiritualidade cristã. Os visionistas previam o fim do mundo na virada do segundo milênio.

Na atualidade nenhum teórico poderia prever o fim do capitalismo em plena expansão. Ainda, com o avanço da tecnologia, da informática e da automatização do trabalho, a mudança está em permanente percurso. As tradições e valores são questionados por novos paradigmas. Os jovens já não pensam como os pais. A família passa por transformações. As verdades são relativizadas. O acento da moral passa do religioso para o secular. O valor da pessoa está em seu livre-arbítrio. Os meios de comunicação social informam ao mundo inteiro no mesmo instante. As ideologias políticas se perderam. A política neoliberal busca sobrevida em ideias ultraconservadoras. As empresas multinacionais crescem e concentram capital. O continente europeu empobrece a cada ano. A elite política nacional não influencia a juventude. No Brasil novas classes sociais surgiram. Os trabalhadores ressurgem como categoria.

Enfim, entre estas há outras tantas mudanças, as quais se refletem diretamente na vida das pessoas. Os teóricos dizem que na mudança crescem a ciência, o conhecimento e as novas alternativas. Algo de fundamental existe na mudança: o inventado pela sabedoria humana é temporário. O filósofo marxista estadunidense Marshall Berman (1940-2013), no livro Tudo que é sólido desmancha no ar, diz que a obra humana está nessa condição. O autor critica os dogmatismos do homem moderno, propriamente apoiados na razão. Já no ano 469 a.C. o filósofo grego Sócrates orientava sobre a fragilidade humana na comunidade de Atenas com o célebre pensamento “conhece-te a ti mesmo”. O homem nunca pode ser um Deus. A condição humanamente possível é aproveitar as mudanças para a solução dos problemas sociais, ou para diminuir seu agravamento. Cientes que todas as pessoas merecem uma melhor qualidade de vida, vale mudar.

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