quinta-feira, 20 de outubro de 2016

INTELIGENTE É ACENDER UM FÓSFORO

Uma pedra rolou de uma encosta, num temporal, e acabou no meio de um caminho onde passavam muitos carros. Os motoristas tinham que fazer uma perigosa manobra para continuar seu caminho, amaldiçoando os responsáveis pela rodovia que não removiam a pedra. Um jornal fotografou a pedra, fez ampla reportagem e entrevistou as autoridades para saber a quem cabia a responsabilidade de remover a rocha. Um carroceiro, que não leu o jornal, com uma estaca, usada como alavanca, removeu a pedra e seguiu seu caminho.

Existe, hoje, uma tendência de acusar os outros pelos problemas e esperar que outros os solucionem. Não é minha responsabilidade, declaram muitos. E assim os problemas continuam e se agravam. Ao lado dos maus, que são minoria, existem muitos que se omitem. É a confraria dos braços cruzados, mas sempre disposta a acusar os outros. E se justifica: eles que criaram os problemas que os resolvam. Quem são eles?

Uma pequena história fala de quatro irmãos, com nomes simbólicos: Todo Mundo, Alguém, Qualquer Um e Ninguém. Havia um trabalho a ser feito e Todo Mundo acreditava que Alguém iria executá-lo. Qualquer Um poderia fazer, mas Ninguém fez. Alguém ficou aborrecido com isso, pois entendia que a tarefa era responsabilidade de Todo Mundo. Todo Mundo pensou que Qualquer Um poderia executá-lo, mas Ninguém imaginou que Todo Mundo não o faria. E Todo Mundo culpou Alguém, quando Ninguém fez o que Qualquer Um poderia ter feito.

Foi atribuída a Gerson, grande jogador da Copa de 1970, a expressão “levar vantagem”, o “jeitinho brasileiro”. Trata-se de uma maneira de evitar a própria responsabilidade, é o expediente de não cumprir a obrigação, furar a fila, exigir privilégios, enfim, burlar a lei em benefício próprio. Isso vale para o futebol, vale para a política, vale para as comunidades e vale para as famílias. E muitos fazem da Lei de Gerson seu modo de andar na vida. Além de ser prejudicial, esta prática é altamente contagiosa.

O profeta Isaías, numa passagem célebre, após enumerar as grandes tarefas a serem cumpridas, diante da omissão geral, prontifica-se: “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8). A história está repleta de nomes que não optaram pelo jeitinho, mas assumiram corajosamente tarefas pelo povo. É por isso que recordamos um São Francisco de Assis, um Mahatma Gandhi, um Luther King, uma Teresa de Calcutá, um Helder Câmara. Eles não ficaram esperando pelos outros. Assumiram com coragem e por isso, muitos outros entraram em ação, empolgados com suas atitudes.

A confraria dos braços cruzados é extremamente prejudicial. É bom lembrar que o maior homem do mundo morreu de braços abertos na cruz. Muitos lamentam a escuridão. Isto é muito fácil. Inteligente é acender um fósforo.

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