segunda-feira, 7 de novembro de 2016

VIOLÊNCIA E POLÍTICAS PÚBLICAS

A população do Rio Grande do Sul e do país inteiro vive assombrada pelo fenômeno da violência. Diante desse fenômeno quero refletir com a filósofa Hannah Arendt (1906-1975) sobre a origem da violência.

Hannah Arendt alertava para a falta de grandes estudos sobre o fenômeno da violência e a consequente banalização do conceito. Para ela, a violência caracteriza-se por sua instrumentalidade e sua distinção do poder, do vigor, da força e da autoridade. A política constitui-se o horizonte de interpretação da violência que, por sua vez, não é nem natural, pessoal ou irracional. Nessa ótica, a violência contrapõe-se ao poder de tal forma que onde domina um absolutamente, o outro está ausente.

A partir de Arendt, a violência fornece um referencial teórico para entender o fenômeno na sua complexidade e amplitude. Seu pensamento fundamenta-se num caminho de ação no campo da educação em vista de uma intervenção na realidade de violência social. Uma educação que não efetiva a ação e em que os sujeitos não são protagonistas e autônomos em seu agir, é uma educação que fomenta a violência.

Para a filósofa, a violência e sua glorificação explicam-se pela severa frustração da faculdade de agir no mundo contemporâneo pela raiz da burocracia da vida pública. “Os seres sociais agem pelos impulsos e se tornam irracionais manifestando-se de modo violento. A violência é uma atitude irracional, mas é racional no momento em que a reação no curso de um conflito se transforma em ação e, no calor da emoção, reúne varias pessoas num mesmo grupo social. Na multidão, esse ser social não tem nome, identidade, profissão, sexo e não segue as leis, as regras e, acima de tudo, os comportamentos e condutas são negligenciados”.

Essa temática é vasta e não se pretendeu esgotar o assunto, mas vale lembrar dados da criminalidade do Rio Grande do Sul, onde a maioria dos encarcerados são jovens. Grande parte deles estudou até o 6° Ano do ensino fundamental. Cada ano que uma criança ou adolescente permanece na escola, reduz em 10% a possibilidade de cair no mundo do crime. Isso é comprovado pela estatística de que apenas 0,04% dos apenados terem concluído um curso superior. Portanto, investir na educação é todo um conjunto que perpassa diferentes esferas de políticas públicas, como, por exemplo, ações conjuntas de todos os governos em prol da saúde, do emprego, da moradia, do saneamento básico, do esporte e cultura e muito mais. Isto é, vai além da cogitação de novos presídios.

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