sábado, 26 de novembro de 2016

UMA PORTA SANTA

O ser humano é simplesmente fantástico. Durante as horas de um dia são incontáveis os pensamentos e os sentimentos. A capacidade criativa, quando bem direcionada, provoca verdadeiras maravilhas. Mas há humanos excepcionais, destacam-se por palavras, gestos, convicções, capacidade de amar, sem nenhum intervalo. Sem dúvida, o Papa Francisco é a maior referência. Com uma simplicidade sem igual, resgata o melhor que há nas pessoas, provoca emoções, aponta para um jeito sempre novo de viver. Não faz discursos, apenas fala com seus atos e com sua crença no amor presente em todas as pessoas.

Instituiu o Ano da Misericórdia que, nestes dias, chega ao seu final. Não é um término, muito menos um encerramento. Foi um longo exercício para ser assimilado e praticado. Ao ressaltar a importância e a urgência da misericórdia, o Papa apresentou o medicamento eficaz para tratar as feridas e as dores causadas pelo ódio e pela violência. Longe do amor, não há fraternidade, respeito e solidariedade. A misericórdia é capaz de cortar o mal pela raiz e restituir à convivência a tão necessária harmonia que provoca mudanças, reinventa a convivência e multiplica a esperança.

O Ano da Misericórdia compreendia um ritual, além de elencar ações espirituais e materiais. No contexto celebrativo estava indicada, em determinadas igrejas e santuários, a Porta Santa. Os fiéis foram convidados a passar por tal porta, tendo presente que a vida é feita de passagens. Além de superar etapas e encerrar ciclos, há muitas portas que aguardam por transeuntes. A disposição em deixar para trás tudo o que não ajuda na vivência dos verdadeiros valores humanos e cristãos é a condição que inspira mudanças profundas. O Ano da Misericórdia, em suma, foi e continuará sendo uma provocação de mudança do coração.

Quem não precisa trabalhar determinadas transformações em seu coração? Algumas urgências são evidentes: arrancar o ódio e a vingança do coração, recuperar a humildade tão esquecida nos embates do poder, devolver ao semblante a simplicidade de um sorriso, multiplicar a bondade, tendo como primazia a solidariedade. Mas há uma ‘porta santa’ de fácil passagem diária: a porta do lar. Feliz de quem vive a misericórdia na convivência familiar e não abre mão de viver a fidelidade e o amor, com as bênçãos da espiritualidade.

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