terça-feira, 8 de novembro de 2016

COMPAIXÃO COM OS PRESOS

Não faltam aqueles que perguntam com ironia: O que a Igreja tem a ver com os presos? Por que a Igreja entra nesse assunto? Por que compadecer-se deles, se eles não tiveram compaixão pelos outros? Por que interessar-se pelos seus direitos, se eles não respeitaram os direitos dos outros? Por que há tanta impunidade? São essas as únicas pessoas que merecem estar na cadeia?

Questiona-se sobre esta realidade dramática dos presos e das prisões, parece uma reação natural. Porém, condenar não faz parte do pensamento e, menos ainda, da prática cristã. A Igreja tem a ver com os presos, porque, em primeiro lugar, Cristo se preocupou e veio para nos libertar de todas as prisões. Quando Ele publicou seu programa de vida e missão retomou o que disse o profeta Isaias. Um dos compromissos confirmados foi: “Enviou-me para anunciar a libertação aos presos...”.

Cristo, que veio para nos libertar de todas as prisões, também experimentou na carne a dramática prisão, como inocente. Mas, foi passando por ela, ao extremo do aprisionamento da cruz, que Ele nos libertou e inaugurou, pela ressurreição, a possível redenção para todos. Em Cristo, o crucificado ressuscitado, “Não há uma pessoa irrecuperável. Ninguém é irrecuperável!”.

A Igreja, corpo de Cristo no tempo e no espaço, é chamada por natureza a colocar-se a serviço da sociedade, ajudando a aprimorar e redimir a convivência humana. A compaixão da Igreja com os presos encontra também uma razão humana. Não existe ser humano que esteja isento de erro. Somos todos capazes do ótimo e do péssimo. Em cada um de nós está escondido um anjo ou um demônio.

Quando nos referimos aos presos, somos chamados a pensar que toda a pessoa é maior que a sua culpa e que todos são recuperáveis. Pensar assim parece uma ingenuidade, mas o problema é não se permitir pensar assim e não investir na recuperação. Quando se criam confianças em torno da pessoa, por mais ferida que esteja, sempre se abre uma porta de esperança para a sua recuperação. Paciência, confiança e perseverança são remédios caros, mas que possibilitam a cura.

O senso de humanidade e a força da fé cristã nos mostram, com evidência, que não se corrige a violência com outra violência; não se apaga o fogo com o fogo. Cremos, também, que detestar o pecado não significa desenganar o pecador. Cremos que seja possível superar a violência com o amor, a bondade e o perdão.

O amor perdoa sempre e, mesmo diante de situações limite, mantém vivo o sonho de uma sociedade reconciliada e fraterna. O que constrói a fraternidade é o perdão. “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem!” (Jesus). Neste assunto é bom lembrar que a história da Igreja começou com perseguições e cadeias. Os presos não são estranhos para nós. Foram nossos companheiros de “prisão” em muitas situações históricas que ainda hoje continuam.

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