sábado, 12 de novembro de 2016

MENOS OU MAIS PRISÕES?

Fiquei pasmo quando li uma declaração de um responsável pela segurança de um estado que afirmava ser necessário construir mais presídios e garantir segurança máxima. Não vem ao caso emitir um julgamento referente à intenção desta autoridade. Certamente, sua afirmação é decorrente da pressão da sociedade, motivada pela trágica onda de violência que tende a aumentar.

Alguém já imaginou a possibilidade de pensarmos um mundo sem prisões? Isso é loucura, blasfêmia ou uma utopia? Certamente, o medo que perpassa os setores da vida humana e semeia suspeita em todo o tecido social, força a maioria a declarar-se a favor de “mais prisões” e até da pena de morte.

No meio deste mundo atropelado pelo imediatismo em resolver o que aparece na superficialidade de uma sociedade, temos dificuldade de fazer um profundo exame de consciência. Só assim nos daríamos conta de que precisamos investir na solidez da família; aprimorar o ensino, garantindo mais e melhores escolas; incentivar a vida em comunidade e superar a cultura do individualismo; substituir a droga por um programa de vida empenhativo e uma espiritualidade que dê sentido à vida etc.

Na questão do “mais prisões”, não está apenas uma preocupação de defender a sociedade, sanar ou condenar os indivíduos infratores. Parece que se avoluma um conceito de fracasso e pessimismo, desconfiança e descrença em relação aos seres humanos. Não custa perceber na sociedade o interesse em conviver com animais. Aqui, não faltam os que afirmam ser mais gratificante essa convivência do que com os humanos.

Na questão do “menos prisões ou nenhuma prisão”, está uma sociedade sem violência e sem vingança. Buscamos uma sociedade reconciliada e segura para todos, uma sociedade sem presos e sem prisões. Mas junto a isso clamamos por uma sociedade sem vítimas, nem crimes que venham provocar sofrimentos, revoltas ou desejos de vingança. Como cristãos precisamos sonhar e fazer acontecer, na prática, experiências de fraternidade, até que seja eliminada a violência.

Enquanto existirem presos e prisões, fazemos nosso o apelo do Papa Francisco na visita aos encarcerados na Filadélfia, no dia 27 de setembro de 2015: “Este período da vossa vida pode ter um objetivo: estender a mão para retomar o caminho, estender a mão para que ajude à reintegração social. Uma reintegração de que todos fazemos parte, que todos somos chamados a estimular, acompanhar e realizar. Uma reintegração procurada e desejada por todos: reclusos, família, funcionários, políticas sociais e educativas. Uma reintegração que beneficia e eleva o nível moral de toda a comunidade e a sociedade... Sede artífices de oportunidade, sede artífices de caminho, sede artífices de novas vias. Todos temos alguma coisa de que ser purificados”.

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