quinta-feira, 24 de novembro de 2016

CONSELHÃO DE TEMER ESTÁ LONGE DO BRASIL REAL.

Nós nos descobrimos uma República de bananas devastada pela desonestidade e pela incorreção (...) Não dá para achar que a corrupção dos outros é grave e daqueles que eu gosto não tem problema. Aí não é combate à corrupção, mas reserva de mercado (Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Federal, em discurso na abertura de um seminário na sede da Procuradoria-Geral da República, na mesma hora em que o "Conselhão" se reunia no Palácio do Planalto nesta segunda-feira).
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Com tantas lambanças acontecendo ao mesmo tempo em Brasília, a gente até esquece da vida que continua correndo no atropelo do Brasil real.

De tudo que li sobre a primeira reunião do novo "Conselhão" do governo Temer, não encontrei uma mísera linha sobre a urgência de medidas para o combate ao desemprego, o grande drama brasileiro.

Na manhã desta terça-feira, ficamos sabendo que faltou trabalho para quase 23 milhões de pessoas no terceiro trimestre deste ano, o que corresponde a 21,2% da população em idade produtiva no Brasil.

A cada novo levantamento do IBGE estes índices continuam subindo sem parar. No terceiro trimestre de 2015 havia sido de 18%.

Para estes milhões de brasileiros que acordam todo dia sem ter para onde ir nem cartão para bater, e sem saber como vão botar comida na mesa, tanto faz se Geddel sai ou fica.

Não fazem ideia de quem se trata, nem da serventia deste "Conselhão", formado por 93 cidadãos da sociedade civil, em sua maioria empresários, selecionados pelo governo para discutir os rumos do País.

Pelo que pude ver nas imagens, não havia ali nenhum representante da legião de desempregados, negros, favelados, sem teto e sem terra, aqueles habitantes esquecidos do Brasil real.

Em Brasília, neste momento, políticos e empresários flagrados pela Lava Jato em tenebrosas transações só pensam numa lei de anistia para o caixa dois e acordos de leniência para salvar a própria pele.

O que os move e os une já não são votos nem lucros, mas o medo de ir para a cadeia.

Estão juntos na luta pela impunidade.

Quando tiverem um tempinho, quem sabe, cuidarão desta questão do desemprego, talvez na próxima campanha eleitoral.

Enquanto isso, lá no Brasil real, dissemina-se a violência fora de controle e multiplicam-se os confrontos entre forças de segurança e moradores das periferias e das favelas, deixando um rastro de vítimas dos dois lados.

Estudo da Confederação Nacional da Indústria também divulgado nesta terça-feira pelo jornal O Globo revela que crimes violentos e a escalada dos gastos com segurança privada consomem pelo menos R$ 130 bilhões por ano.

É um valor que chega perto do rombo fiscal de R$ 170 bilhões previsto para 2016, que tanto preocupa o governo e poderia ser investido pelas empresas em projetos de geração de novos empregos.

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