segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O COLORIDO DOS MESES

Um dos meus sonhos, no tempo de criança, era ter uma caixa de lápis de cor. Recordo da primeira, toda colorida, que ganhei no início do ano letivo. As aulas de educação artística eram simples, mas repletas de tonalidades. Desde aquele longínquo tempo, as cores ocupam minha atenção. Achei muito interessante a ideia, que é recente, de colorir os meses: o outubro é rosa, o novembro é azul e setembro é amarelo. Em cada mês uma ação é intensificada. A prevenção ao câncer de mama, torna o outubro rosa. A atenção ao câncer de próstata pintou de anil o penúltimo mês do ano. Na medida em que setembro recebe a tonalidade amarela, a atenção se volta à triste realidade do suicídio, que necessita de urgente prevenção. Dependendo da campanha, no entanto, poderá assumir outras cores.

Cuidar da vida passa a ser uma prioridade para além da velocidade de um tempo, que tem incontáveis acertos e avanços, mas que negligencia a atenção para com a interioridade humana. A fragilidade tem roubado a melhor parte da vida. Chegar antes das doenças e do desânimo é possível e não supõe tantos recursos. O amor à vida é o ponto de partida. O equilíbrio afetivo inspira pensamentos e sentimentos construtivos. A corrida em busca de acréscimos materiais pode colocar em risco o essencial. São necessárias algumas coisas, apenas. Porém, ninguém vive plenamente sem uma experiência profunda de espiritualidade, que tece a transcendência, aquece a esperança e desencadeia o cuidado.

O vazio existencial tem visitado muitos corações. As dores são advindas de diversas causas, as lágrimas expressam desespero, as decepções são acumuladas. Num determinado momento torna-se quase impossível seguir adiante. O pensamento mais imediato é a desistência. Desistir de viver não deveria ser uma opção. A vida depende das incontáveis tentativas, da esperança que não cansa, do amor que torna a existência sagrada. Se a vida é um dom, a ninguém cabe a interrupção. Viver o fluxo natural é como elevar aos céus um hino de louvor ao Criador.

Nada se iguala à vida. Ela é simplesmente maravilhosa. Que não faltem meios e nem tonalidades para pintar de amarelo todos os dias do mês de setembro. Não ficará nenhum espaço sem ser colorido. O amor é capaz de preencher o vazio que tenta chegar, a ilusão que deseja se instalar. Longe do coração tudo o que pode ser tentação. Saudades da caixa de lápis de cor. Saudades de um tempo onde a tonalidade da simplicidade era tão evidente!

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