sexta-feira, 16 de setembro de 2016

CAMPANHAS DO AGASALHO.

Em nome da obra de misericórdia “Vestir os nus”, como vemos as campanhas de agasalho? Poderão ser uma modalidade para efetivar uma autêntica resposta a esse apelo do Evangelho? Uma pesquisa de opinião popular, com as respostas obtidas, revelou um significativo número de votos favoráveis e outros tantos desfavoráveis. Na pesquisa, indagaram-se quais as razões da favorabilidade ou da desaprovação.

Os que se manifestaram favoráveis às campanhas de agasalho davam as suas razões e diziam concordar porque, antes de nada fazer, ao menos se faz alguma coisa. Para muitos, as campanhas de agasalho podem sensibilizar, ajudando a superar a indiferença em relação aos que passam frio. Para outros uma mobilização filantrópica pode levar as pessoas a revisar seus guarda-roupas entulhados, como resultado do ceder à tentação do acúmulo. Alguns, mas muito raros, lembraram a terceira obra de misericórdia: “Vestir os nus”.

O grupo dos que afirmaram ser contrários às campanhas de agasalho argumentavam que, geralmente, são promovidas por pessoas que querem se promover e aparecer, mas não têm nenhum compromisso social. Alguns, mais ousados, logo ridicularizavam atitudes de “primeiras damas” municipais, estaduais etc. A crítica maior, e até acredito ser a mais séria, é que, em geral imagina-se fazer o bem, sem saber a quem. Esses afirmavam que a verdadeira obra de misericórdia é aquela que consegue abraçar, acolher e criar relações com as pessoas em estado de miserabilidade.

Seja como for, acredito que toda a boa obra tenha o seu valor, independente do nível de consciência e das motivações de quem a faz acontecer. Porém, nós cristãos, temos sempre o compromisso de evangelizar. E evangelizar é sempre partir dos acontecimentos, para ir iluminando e incentivando com os critérios do Evangelho o que está bem, ajudando a superar as motivações perigosas ou contraditórias.

Evidentemente, há muitas campanhas de agasalho que são resultados de motivações simplesmente humanas e até eleitoreiras. Porém, temos obrigação de ajudar e indicar motivações de fé e possibilitar a compreensão de que se pode fazer um caminho de aprimoramento cristão com a motivação das obras de misericórdia.

Numa perspectiva evangelizadora, não nos cabe o papel de juízes. O “não julgueis para não serdes julgados” também precisa chegar a este chão de nossas relações mais simples e primárias. O otimismo cristão sabe tirar o bem do mal. Dizem que há dois modos de andar pelo mundo: o modo da mosca que só procura o pior, mesmo no meio do melhor; e o modo da abelha que, sempre procura o melhor, mesmo no meio do pior.

Com a chave da misericórdia acreditamos ser sempre possível aprimorar a intencionalidade das campanhas de agasalho, chegando mesmo a indicar o que é confirmado como um dos critérios do juízo final: “Estava nu e vocês me vestiram! Venham benditos de meu Pai! Recebam por herança o Reino preparado para vocês!”

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