sábado, 30 de julho de 2016

RESPONDENDO AO CLAMOR DA FOME.

Não há como ser Igreja, corpo de Cristo, se não estiver em ação a caridade. “Às vezes sentimos a tentação de sermos cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor. Mas Jesus quer que toquemos a miséria humana, que toquemos a carne sofredora dos outros”: “Fechar os olhos diante do próximo nos torna cegos diante de Deus”.

Jesus Cristo, rosto da misericórdia do Pai, encarnou-se para nos redimir. Ele passou pelo mundo fazendo o bem a todos e se posicionou compassivo diante e dentro da indigência humana. Como discípulos missionários, nós, cristãos, somos chamados a responder ao clamor da pobreza e da fome com esta mesma compaixão . Tendo consciência das necessidades, nos dispomos a agir, mediante práticas e ações misericordiosas. Não basta ouvir o clamor da fome, somos chamados a socorrer, mediante a caridade organizada em nossas comunidades.

Neste apelo do Evangelho, “pode-se entender o pedido de Jesus a seus discípulos: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer, que envolve tanto a cooperação para resolver as causas estruturais da pobreza e promover o desenvolvimento integral dos pobres, como os gestos mais simples e diários de solidariedade para com as misérias muito concretas que encontramos".

Referindo-se à realidade social do povo brasileiro, especialmente das populações das periferias urbanas e das zonas rurais, dos sem-terra, sem-teto, sem pão e sem saúde, a “Vendo a sua miséria, ouvindo os seus clamores e conhecendo o seu sofrimento, escandalizamos o fato de saber que existe alimento suficiente para todos e que a fome se deve à má repartição dos bens e da renda. O problema se agrava com a prática generalizada do desperdício”.

Por ser muito complexa a realidade da fome, tanto em suas causas, quanto em suas consequências, necessitamos enfrentá-la com coragem e criatividade. Para tanto, o fato de sermos cristãos carrega consigo a motivação fundamental que não nos permite omissão. O faminto é o próprio Cristo que irá nos julgar. “Tive fome e me destes de comer” (Mt 25, 35). Responder ao clamor da fome é garantir o êxito de uma vida que se eterniza.

Mas o drama da fome não pode ser enfrentado numa aventura personalista. Ser cristão é ser comunidade. Uma comunidade cristã que se educa na fé e aperfeiçoa sua prática celebrativa só pode ir crescendo no serviço da caridade que se expressa no milagre constante da partilha. Não vivemos a fé em compartimentos. Uma dimensão fecunda a outra. Quem bem celebra aprende a ser solidário e cresce na fé. Quem se educa na fé e se torna solidário, também se torna sempre mais consciente e participante na Liturgia da comunidade.

Se a fé sem obras é morta, a misericórdia também é! A escuta e a resposta ao clamor da fome tornam acreditável a fé e também a força da misericórdia de Deus atuante na história.

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