quinta-feira, 28 de julho de 2016

UM NIVER DIFERENTE

Os convites foram entregues. O planejamento seguiu o cronograma previsto. A alegria parecia ser maior que o espaço do coração. Ninguém havia provado algo semelhante. O primeiro aninho da Lívia tinha algo peculiar. Os paradigmas foram quebrados. Todos criaram uma grande expectativa. Finalmente o dia chegou. O sol resolveu não brilhar, naquela tarde de sexta-feira. Uma outra luz, no entanto, provocou um intenso e infinito brilho. O aniversário da alegre menina aconteceu junto aos idosos da Casa Lar do Idoso. Ninguém ficou de fora do ritual. Festa de criança tem magia: todos voltam a ser criança.

Por algumas horas, o lar que acolhe idosos que não têm uma família que os cuide tornou-se um salão de festas. As paredes estavam enfeitadas. A tonalidade rosa deixava transparecer toque feminino, os detalhes comunicavam bom gosto. A sensibilidade deu conta de tudo e ainda se superou. As gerações, naquele instante, eliminaram toda e qualquer distância. De um jeito ou de outro, os adultos com o semblante marcado pela passagem dos anos fizeram a experiência de ser avós da pequena e animada Lívia. Corações em festa ao redor de uma alegre criança. Foi difícil saber onde estava o doce: nas mesas ou no coração de todos os participantes?

Em tempos de tantas mudanças e contraditórios episódios, alguns fatos roubam a cena e inspiram um bocado significativo de esperança. Quem afirma que tudo está perdido, não está sendo justo com parte da realidade que não recebe adequado tratamento pela mídia. Os fatos positivos dificilmente são ventilados e comunicados. Há tanta coisa boa acontecendo. As notícias, tratadas em alguns laboratórios de comunicação, parecem causar desânimo e roubar o verdadeiro conteúdo da existência. Evidente que há muito a ser feito no intuito de neutralizar a injustiça e a violência. Um novo mundo, no entanto, depende de novos corações.

A pequena Lívia irá crescer em contato com algo fantástico: a solidariedade. A linguagem será outra. Impossível ser abraçado hoje por idosos e amanhã chama-los de velhos. As gerações precisam se encontrar. Não há uma idade melhor do que a outra. O respeito e a aproximação provocarão outras atitudes, geradoras de bem-estar. Envelhecer sem ser distanciado das crianças é um direito natural. O primeiro aninho da Lívia foi um ensinamento e uma inspiração, algo para ser eternizado.

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