domingo, 17 de julho de 2016

SENHOR: CURE A NOSSA SURDEZ

Não é absurdo imaginar que no Jardim Terreal, Adão e Eva, após a primeira crise, ficaram uma semana sem conversar. Mais do que isto: cada um sem querer escutar as razões do outro. Essa doença continua hoje. Madre Teresa de Calcutá diz que a maior doença de nosso tempo é a incapacidade de escutar o outro, aceitá-lo assim como é e amá-lo. Continuamos não levando em conta a sabedoria da natureza que nos deu uma boca e dois ouvidos. Todos querem falar, mas poucos de dispõem a escutar. Isso acaba criando o “diálogo dos surdos”, onde todos gritam e ninguém ouve.

Em função disto surgiu até a Associação Internacional da Escuta. Em média, revela o instituto, a maioria das pessoas passa entre 45% e 70% do dia escutando. O pior: sem escutar. Estão apenas esperando que o outro termine para dar seu ponto de vista. O mais grave é quando esta incapacidade de escutar acontece entre os casais. É ainda a Associação Internacional da Escuta que garante que a maioria dos casais tem, em média, nove minutos diários de conversa significativa.

Em média, falamos de 125 a 180 palavras por minuto. Nossa capacidade de escutar vai além. Conseguimos escutar de 400 a 500 palavras por minuto. Isso desde que estejamos dispostos a escutar. Muitas vezes, a conversa entra por um ouvido e sai por outro. As mães têm experiência disso quando afirmam: “eu já te disse isto mil vezes...”.

A palavra, proferida e ouvida, tem valor medicinal. Ela acolhe, envolve e cura. Isto quando há olho no olho. Entendem bem disso os namorados, que partilham, verbalizam, até os mínimos detalhes. Cada palavra é um tesouro escondido, que descobrimos ou não. Muitas vezes, depois de casados, aquelas confidências, aquela cumplicidade, terminam. E as pessoas se tornam estranhas.

Mahatma Gandhi observava que as pessoas, ao discutirem, gritam. Isso porque os corações estão longe. Escutar da verdade é ouvir com o coração. Muitos desejam ser escutados e não esperam por uma resposta ou solução. O fato de serem escutadas é tudo.

O péssimo hábito de muito falar e pouco escutar afeta também o modo de rezar. Num palavreado artificial, decorado, tentamos dizer a Deus o que Ele deveria fazer. A Bíblia nos diz que o começo do encontro com Deus é a escuta: “Ouve, ó Israel, o que Deus vai falar”  ou “Fala, Senhor, que teu servo escuta. Em nossa oração devemos pedir ao Senhor, que já fez isso muitas vezes, que cure nossa surdez.

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