quinta-feira, 7 de julho de 2016

AMAR COM AS MÃOS.

Há um certo consenso quanto à velocidade dos dias. Não são poucos os que expressam e até lamentam que o tempo esteja passando tão rápido. O volume de informações já alcançou o teto máximo. Impossível tomar conhecimento de um pouco de cada coisa. O desafio é ser seletivo, sem descartar o essencial. Viver é um exercício dos mais exigentes, uma ginástica de mil movimentos. A instantaneidade roubou a paciência e deixou à margem a persistência. Talvez a única saída repouse na capacidade de reinventar-se. Sim, viver é ser capaz de reconstruir a vida situando-a num novo tempo, permitindo outras buscas, interagindo com incontidas transformações.

Em meio à complexidade de tal cenário, a busca por certezas não pode ficar no esquecimento. Ninguém percorre extenso caminho sem saber se é possível chegar à meta. Talvez o impasse não esteja na realidade, tantas vezes desencontrada pela falta de ética. O desafio é profundamente existencial. Fascinado pelo consumo e pelas descobertas tecnológicas, o ser humano parece ter perdido a identidade. Nem todos levam jeito para responder a mais crucial das questões: ‘quem eu sou?’ A sensação de indefinição aumenta se outra interrogação for acrescentada: ‘o que vim fazer neste mundo?’

Uma adequada elaboração intelectual só se justifica se houver possibilidade de alcançar a realidade. As teorias são sempre iluminadoras, mas necessitam ser objetivadas. Não é difícil encontrar algumas palavras para explicar o sentido da vida. O desafio, porém, está em viver uma vida repleta de sentido. A demora pode se estender, mas, cedo ou tarde, a existência se encontra com o amor. Viver é amar. Estar nesse mundo só se justifica pela capacidade de amar. Longe de ser um romântico sentimento, o amor passa pelas mãos. Ninguém ama verdadeiramente se permanecer atrelado às palavras.

Amar com as mãos é a melhor e mais coerente resposta que alguém pode dar às questões existenciais. Uma pessoa é, no final de tudo, o que ela ama. Fazer o bem é uma expressão de ternura e de amor. O sentido da vida é construído na vivência do amor. Ninguém deveria cansar de amar. Afinal, a vida vale a pena pelos gestos de amor que vão sendo somados, ao longo do tempo. Que as mãos estejam repletas de amor, para que o coração experimente a intensidade da paz.

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