quarta-feira, 6 de julho de 2016

VAMOS SENDO JULGADOS POR NOSSAS OBRAS.

Se “no entardecer da vida seremos julgados pelo amor”, é no percurso da vida que nossas obras vão nos julgando se somos misericordiosos ou não. A grandeza humana que vai tecendo a santidade de uma vida e aproximando-a da medida de Cristo não acontece de improviso. As obras cotidianas de misericórdia revelam a autenticidade de fé e de amor de uma pessoa. Assim entenderam e viveram os grandes santos e santas, cujos nomes a história da humanidade não esquece.

Confirmando o que foi dito, registro aqui uma prece da Madre Tereza de Calcutá: “Ó Senhor, faz com que hoje e em cada dia eu saiba ver-te na pessoa dos teus enfermos e que, oferecendo-lhes os meus cuidados, te sirva a Ti. Faz com que, embora oculto sob um disfarce pouco atraente de ira, arrogância ou demência, eu siba reconhecer-Te e dizer: Ó Jesus, meu doente, como é doce servir-te. Dá-me, ó Senhor, esta visão de fé, e o meu trabalho nunca será monótono. Experimentarei sempre a alegria embalando as pequenas veleidades e os desejos de todos os pobres que sofrem. Ó queridos enfermos, ainda me sois mais queridos por representardes Cristo. Que grande privilégio é poder servir-vos”.

Paul Claudel nos diz que para compreender uma vida, como para compreender uma paisagem, é necessário escolher bem o ponto de vista. Para nós, humanos, o melhor ponto de vista é a morte. A partir da morte avaliamos o conjunto dos acontecimentos de nossa história. Em que vale a pena investir? O que garante o sucesso de uma vida? O que mesmo eterniza uma vida? O posicionamento da vida muda conforme o posicionamento diante da morte. Nossas obras vão nos julgando.

No Evangelho de Mateus 25, Jesus mostra que o êxito da vida vai sendo confirmado pela prática da misericórdia. Não se trata de uma filantropia genérica, que também tem seu valor. Não se trata só de compaixão por aqueles que sofrem. Esta reação não basta. Ter ideias e estratégias para mudar o mundo pode ser um sonho bom, mas não suficiente. O aprendizado da misericórdia só é possível a partir do encontro com Jesus Cristo. É Ele que garante um novo horizonte de sentido à vida e às obras e, com isso, uma orientação decisiva.

Para a hora da verdade da vida e para o momento supremo da pessoa, Cristo revela com clareza quais são os critérios decisivos de salvação ou condenação. Todos passaremos pelo mesmo teste: o amor em atos e em verdade. O juízo desenrola-se conforme um único critério válido para todos. Até mesmo o ateu pode percorrer as ruas do mundo sem encontrar aparentemente a Deus, mas não pode deixar de cruzar com o próximo em necessidade.

Diante de Deus não importa um “curriculum vitae” com belos títulos de celebridade, ou uma lista de sucessos: “ Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos? Não foi em teu nome que expulsamos demônios? E não foi em teu nome que fizemos tantos milagres? Então eu vou declarar a eles: Jamais conheci vocês” (Mt 7,22-23).

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