sexta-feira, 1 de julho de 2016

NÃO CAIR EM TENTAÇÃO.

Gosto de pensar que somos todos do mal. Calma, tenha paciência e leia até o fim! Os que se dizem “do bem”, não passam em testes mínimos de boa conduta, monitorados por o mais elementar dos mecanismos de investigação. Não precisa de aparelho de escuta sofisticado para ouvir tramas mais ou menos diabólicas como tem sido a prática o âmbito público do nosso cenário político. Qualquer mecanismo de investigação é suficiente. Faça o teste.

Pode ser simplesmente escutar o vizinho ou a vizinha, ou os colegas de trabalho, de clube ou de instituição religiosa e teremos a medida da condição humana inclinada ao mal. Quem nunca mentiu? Quem nunca ficou com o troco a mais? Quem nunca falou mal dos outros? Quem nunca sonegou impostos ou falsificou notas para escapar do fisco? Quem nunca furou fila? Quem nunca adulterou produtos e mexeu na balança? Quem nunca invejou, odiou e desejou o enterro do desafeto? Quem nunca fez mal à natureza, aos animais, comendo-os? Quem nunca? Você nunca? Parabéns, anjo!

No âmbito da relação com o que é de todos, com o público, naquilo que configuramos como corrupção, como dizia Millôr Fernandes, não é difícil perceber que o “incorruptível é o que ainda não recebeu uma boa oferta”. Contudo, todos nos consideramos do bem, os maus são os outros. Não é assim mesmo?

Eu não, eu penso que somos todos do mal, inclusive eu.

Mas, compramos e vendemos aos outros a ideia de que somos “do bem”. Ninguém se diz do mal. Prende-se um corrupto e ele desmente as acusações e se diz inocente. Visite as prisões e estarás diante de pessoas que se dizem injustiçadas. Os estupradores acusam a vítima. Ninguém se declara homofóbico ou fascista. Contudo, eu penso que somos todos do mal, inclusive eu.

Somos mentes dissimuladas. A razão e a linguagem cumprem em nós a função de mascarar o real. Pela palavra revelamos o ser, mas pela mesma palavra dissimulamos e escondemos o que somos. E o que somos? Somos todos do mal.

Só a consciência de que somos do mal pode nos tornar melhores. Parece um paradoxo não? Não seria a consciência de que somos do bem que nos tornaria melhores? Não. Definitivamente não. Se achar do bem é autoengano.

Contudo, o mal não compensa. Só os do bem, vivem bem. Só os do bem têm amigos, os do mal tem cúmplices. Os do mal estão sempre desconfiados e um dia a casa cai. Então, melhor nos esforçarmos sinceramente para sermos do bem. Viver no bem, com ética, contra a nossa alma que teima em cair no mal, eis a forma mais eficaz de uma vida bem-sucedida. A longo prazo o mal não compensa. Vigie, portanto, para não cair na tentação

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