terça-feira, 29 de abril de 2014

TEMPOS BICUDOS.

Em tempos de crise mundial, os consumidores param de consumir e, com isso, os produtores param de produzir. Quando o comerciante não vende porque o consumidor não compra, o industrial não fabrica porque seu produto vai encalhar e quem empresta dinheiro aumenta o juro porque o tomador de empréstimos não terá como pagar.
A isso chama-se “ciranda”, mas é ciranda que agora gira ao inverso. Um não compra porque não tem dinheiro, o outro não vende porque um não compra e o outro não faz porque não venderá ao revendedor. E outro não empresta para quem produz porque o produto não será comprado. Mesmo sem você entender os complicados mecanismos de produção, venda, revenda, compra, empréstimo, mercado futuro, commodities, já percebeu que os produtos ficarão mais caros e o parcelamento da dívida será mais complicado.
O mundo ficou mais pobre, o cinto do mundo apertou mais e parece que a fivela não está resistindo. Pelo ralo escorreram cerca de 30 trilhões de dólares que já causaram o fechamento de milhares de fábricas na China e a perda, por enquanto, de milhões de empregos na Europa e nos EUA. Não escaparemos ilesos. Vem sofrimento mais adiante...
Onde entra a religião? Ela falou e falou contra a usura e os juros, mas não foi levada a sério. Casamento de consanguíneos é sempre um casamento de risco. Dinheiro que casa com dinheiro para gerar mais dinheiro acaba gerando um aborto econômico.
Estavam certos Lv 25,33; Dt 23,19-20.30; Ez 18,17 e centenas de outras passagens da Bíblia que sugerem cuidado com o dinheiro que gera dinheiro. Já dizia São Paulo: “O amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se transpassaram a si mesmos com muitas dores” (1Tim 6,10).
Alguém achou que o trabalho humano valia menos do que o dinheiro no banco. E muitos bancos, ao invés de pôr o dinheiro para trabalhar, puseram-no para descansar. O dinheiro que faria, não fez! Era dinheiro errante e sonâmbulo. Aqueles trilhões de dólares perdidos estão doendo. Doerão por muito tempo.

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