sexta-feira, 2 de maio de 2014

O DIA DAS MÃES ESTÁ CHEGANDO. QUANTO VALE UM PRESENTE?

Um garoto pobre, cerca de 12 anos, entrou numa loja e pediu um sabonete. Deveria ser embrulhado em papel para presente e explicou: é para minha mãe. O dono do estabelecimento ficou comovido e pensou em ajudar a criança, colocando no pacote algo mais valioso. Quem sabe uma joia, um relógio ou perfume. E recordou sua infância pobre. Muitas vezes desejou presentear a mãe, mas não tinha condições. Agora ela morrera. Poderia, quem sabe, pagar esta dívida de gratidão a uma mãe desconhecida.
O menino não estava entendendo a demora em ser atendido. Será que desconfiavam da sua possibilidade de pagar? E colocou, ostensivamente, as moedas sobre o balcão. Entendendo o gesto, o dono falou de sua infância pobre, de sua frustração em não poder presentear à mãe, retribuindo sua ternura. Foi a vez do menino estranhar: como, nunca pudera dar um presente, nem mesmo um sabonete? E o vendedor entendeu que nada poderia tornar mais valioso o presente do menino, pois estava envolvido em amor.
As normas da boa educação mandam tirar o preço do produto quando ele será presenteado. Está implícita a certeza de que o presente não tem um valor puramente comercial. Ele está envolvido de afeto, cumplicidade, carinho, ternura, lembranças do passado, promessas do futuro. E por isso, um sabonete para a mãe pode valer muito mais que um automóvel dado por um pai com a consciência pesada pelo tempo e pelo amor que nunca teve para o filho.
A vida é tecida pelo cotidiano. Os grandes momentos são poucos e os pequenos momentos podem se revestir de uma grandeza insuspeitada. Há momentos que podem se tornar mágicos e recordados muitos anos após. E isso não depende do dinheiro. Aquele sabonete, aquela pescaria com o pai, aquela mão afagando os cabelos, aquele sorriso que pode significar tanta coisa: eu te amo, eu te perdoo, eu confio em ti...
A dimensão do cotidiano vale também para a fé. Não podemos reservar para Deus apenas um espaço dominical. Ele deve ser a referência para todos os pequenos e grandes gestos de nosso dia. Devemos cultivar uma certeza: mesmo quando não lembramos Dele, Ele lembra de nós.
Falando das conquistas marítimas, das vidas perdidas nas tempestades de mares desconhecidos, dos insucessos, de viagens decepcionantes, o poeta português Fernando Pessoa perguntava: valeu a pena? E antes de qualquer resposta, esclarecia: Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena.

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