quarta-feira, 21 de maio de 2014

O RÓTULO DEVE CONCORDAR COM O CONTEÚDO.

Consagrado como o maior guerreiro da antiguidade, Alexandre - Iskander - tornou a Macedônia, pequena província grega, a maior potência militar da época. Seus exércitos foram até os confins da Ásia. Com apenas 20 anos, Alexandre chorava por não mais ter territórios a conquistar. Seus batalhões de elite provinham da nobreza, enquanto o restante do exército era integrado por populares.
Numa oportunidade, Alexandre passou em revista sua tropa. Em meio aos soldados perfilados, um deles destoava pela sua negligência. Alexandre olhou para ele, de alto a baixo, e quis saber: soldado, como é teu nome? Envergonhado, ele respondeu: Alexandre, o mesmo nome do Imperador. Com um olhar severo, mas ao mesmo tempo com um pouco de ternura, o imperador apontou duas alternativas: troca de vida ou troca de nome!
Nas prateleiras de uma cozinha estavam diversas vasilhas com alimentos e cada uma delas estava assinalada por um rótulo: farinha, açúcar, sal, arroz... Mas houvera um descuido: em vez de açúcar, a vasilha continha sal, em vez de farinha, arroz... O rótulo não concordava com o conteúdo.
No dia a dia, muitos rótulos não concordam com o conteúdo, muitos nomes não concordam com a vida. Existem, por exemplo, os cristãos de batismo e de recenseamento. São cristãos apenas nominais. Existem os discípulos de Jesus que se restringem a determinados tempos. São crentes aos domingos e pagãos durante a semana. Outro tipo pode ser denominado o seletivo: ele escolhe as verdades em que vai acreditar, as mais convenientes. Na prática, cada um deles é fundador de uma religião, uma religião à moda da casa. Podemos lembrar ainda os cristãos virtuais e não reais.
Outra categoria é a dos fregueses: eles não se preocupam com Deus e com os irmãos. Querem apenas os favores de Deus. É possível perceber isso em algumas religiões novas, seguidoras da chamada Teologia da Prosperidade. Para esses grupos Deus não é importante, importante são seus dons. Não seria de estranhar se, à semelhança do personagem do Doutor Fausto, vendessem a alma ao Diabo.
Mesmo tendo vivido pelo ano 350 antes de Cristo, Alexandre intui uma das linhas mestras de Jesus: a possibilidade de recomeçar. Não precisamos mudar de nome, mas devemos mudar de vida. Nada contra o rótulo, mas deve concordar com o conteúdo. O domingo é importante, a oração é importante, mas a vida também é importante. Unir fé e vida é o objetivo. Jesus queixava-se dos que o louvavam com os lábios, mas seus corações estavam longe dele (Mc 7,6).

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