terça-feira, 6 de maio de 2014

NEM UMA AGULHA SEQUER.


Trabalhara muito na vida, acumulara milhões de moedas, e ainda queria aumentar sua fortuna. E o pior de tudo, não se sentia feliz. Não muito longe dele, na encosta de uma montanha, vivia um homem solitário. Morava numa choupana e vivia absorto nas coisas de Deus. E era muito feliz. Buscando o rumo da felicidade, o homem rico dirigiu-se, um dia, à morada do eremita. A entrevista foi curta e, no final, o santo deu-lhe uma agulha, com uma recomendação: que lhe fosse devolvida no outro mundo.
Imaginando possíveis poderes mágicos da agulha, o homem rico retornou ao seu palácio e mostrou à esposa o presente, recomendando: guarda esta agulha com segurança. Eu terei de devolvê-la ao santo homem no outro mundo. Você está louco? Perguntou a esposa. Como você foi capaz de aceitar essa condição, uma vez que não podemos levar qualquer coisa para a vida futura!
O bom senso começou a funcionar e o homem rico regressou à montanha. Devolveu a agulha, dizendo: por favor, pegue sua agulha agora, pois não poderei devolvê-la no outro mundo. Compadecido, o homem de Deus olhou para ele e disse: então, qual a utilidade que seus milhões terão para você? E ainda você gasta seu tempo acumulando mais. Quando você vai estar pronto para a jornada inevitável?
A mensagem acertou em cheio o pobre homem rico, que reconheceu: vejo-me partindo para o outro mundo com as mãos vazias... Diga-me, por favor, o que devo fazer? É muito simples, garantiu ele: invoque o nome de Deus e gaste seus milhões a serviço daqueles que sofrem. Um dia - no outro mundo - eles devolverão seus tesouros.
Esse é o ponto de vista do Evangelho. Nele é narrada a história do homem rico, cujas terras lhe deram grandes colheitas e para isso precisou de celeiros maiores. E ai sentiu-se realizado e feliz. Possuía riquezas para a vida inteira. Deus, porém, lhe disse: “Insensato! Ainda nesta noite morrerás e para quem ficará tudo aquilo que acumulaste?” (Lc 12,16).
As pessoas, hoje, dependem cada vez mais do dinheiro, real ou virtual. Lutar por ele se constitui um dever, pois isto significa bem-estar para si e para a família. É sagrado o dinheiro gasto com a comida, os remédios, os estudos. É sagrado, sobretudo, o dinheiro que serve para fazer o bem. Quando o dinheiro ocupa o lugar que lhe é devido, torna-se um excelente auxiliar, um excelente empregado. Mas quando ele mesmo alcança o lugar de patrão, torna miserável a vida de quem dele depende.
O único dinheiro nosso é aquele que gastamos. O resto é dos bancos ou dos herdeiros, que brigarão por ele. O único dinheiro que podemos transportar para o outro lado é aquele que gastamos com os outros, especialmente os mais pobres. Este é o tesouro que tem cidadania no céu.

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