segunda-feira, 26 de maio de 2014

EDUCAR PARA A PAZ.

Uma lenda peruana fala de uma cidade onde todos eram felizes. Seus habitantes faziam o que desejavam e se entendiam bem. A exceção era o prefeito, que vivia triste porque não conseguia governar nada. A prisão estava vazia, o tribunal nunca era usado e o tabelionato não dava lucro, pois a palavra valia mais que o papel. Um dia a população foi surpreendida pela presença de operários vindos de longe, que fecharam com um tapume o centro da praça principal e começaram a construir qualquer coisa.
A população estava curiosa sobre o que estava acontecendo. Martelos cravavam pregos, picaretas escavavam e serras cortavam a madeira. Depois de uma semana, o prefeito convidou toda a população para a inauguração. Com solenidade, os tapumes foram retirados e apareceu uma forca... As pessoas se perguntavam o que aquela forca estava fazendo ali? Com medo, passaram a procurar a justiça para qualquer coisa que antes era resolvida de comum acordo. Recorriam ao tabelião para registrar documentos, colocaram proteção nas portas e janelas da casa e voltaram a escutar o prefeito, com medo da lei. A lenda diz que a forca nunca foi usada, mas bastou sua presença para mudar tudo. Em vez do amor e da amizade, o medo e a desconfiança assumiram o comando.
O Menino do Dedo Verde, um romance de Maurice Druon, vai no sentido contrário. Em vez de armas e prisões, a paz foi conseguida plantando flores. Brotaram flores em toda a parte, no lamaçal, nas favelas, nos terrenos baldios, nos muros das prisões. As cadeias foram desativadas e os próprios canhões, em vez de explosivos, despejavam flores.
A humanidade imagina que sua segurança repouse nas leis, nas cadeias, nas armas, nas forcas. E o medo e a violência crescem sempre mais. Será mais inteligente pensar em outras soluções. É a solução das flores. Quando a humanidade semear flores de justiça, de educação, de amor, de partilha, a paz e a felicidade chegarão. É preciso apostar na cultura da paz e não da guerra. O homem e a mulher são seres movidos pelo amor. Este é o combustível ideal.
Os manuais de história insistem em apontar heróis guerreiros. Na realidade eles conseguiram muito menos que o “guerreiros” da paz: São Francisco de Assis, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Teresa de Calcutá, Marechal Rondon. Os grandes guerreiros podem estar nos livros de história, os homens e as mulheres da paz têm seus nomes esculpidos para sempre no coração da humanidade. As flores que eles semearam jamais murcharão. Construir uma forca ou uma prisão é relativamente fácil e rápido. Educar para a paz pode demorar, mas seus frutos serão duradouros.

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