sexta-feira, 21 de março de 2014

ALARGAR OS HORIZONTES

A terra já foi definida como um vale de lágrimas. Na realidade, a dor, o sofrimento, as limitações se constituem o pão nosso de cada dia. Mas nossa vida não é apenas isso. Depende da ótica assumida. Muitos apenas olham o espelho, olham a si mesmos, outros olham pela janela, olham para os outros, olham uma realidade mais ampla.
Abatido, um jovem deixou que a tristeza tomasse conta de sua vida. Não saía de casa, não participava de nada, não mais se interessava com os outros. Amadurecido pela experiência, um mestre pediu ao jovem que colocasse uma mão cheia de sal num copo de água. Qual é o gosto? O jovem admitiu que era horrível. O mestre sugeriu então outra experiência. Dirigiram-se a um lago carregando em sua mão um punhado de sal, que foi jogado em suas águas límpidas. Beba um pouco desta água, pediu o mestre. Qual é o gosto? Bom, admitiu o jovem.
Enquanto caminhavam, o mestre falou sobre as duas experiências. A dor na vida da pessoa não muda, mas sua intensidade depende de onde a colocamos. Quando a dor nos atinge, precisamos aumentar o sentido das coisas. Não podemos reduzir-nos a um copo. Precisamos tornar-nos um lago.
Dificilmente passa um dia sem que tenhamos algum sofrimento. Mas existem sofrimentos que esmagam a pessoa. Se o sofrimento é inevitável, cada um de nós tem o direito de escolher a maneira como vai sofrer. A pior alternativa é fechar-se em si mesmo e revoltar-se. Neste caso, a pessoa acrescenta ao seu sofrimento o sofrimento maior da revolta. Porém podemos escolher outra abordagem: acolhê-lo com amor. Isso não significa passividade. Temos o dever de superar todo o sofrimento, até por uma questão de fé. Deus quer que seus filhos e filhas sejam felizes. Nossa dor diminui e desaparece quando nos preocupamos com o sofrimento alheio. O serviço é a melhor terapia para curar a tristeza.
É inteligente fazer a paz com o passado. Ele é imutável. Aceite-o como ele foi. É inteligente também não querer carregar hoje o possível sofrimento de amanhã. Suporte hoje a dor de hoje. Não acrescente a de ontem, nem tente arcar com a de amanhã. E aprenda com a dor. Mesmo o acontecimento mais negativo tem algum ponto luminoso.
E não se isole. Não sofra sozinho. A palavra tem valor medicinal. Externe sua dor, sem ser repetitivo. Acolha as observações e os convites dos outros. Por fim, lembre a solidariedade do mestre “Vinde a mim vós todos que estais cansados e Eu vos aliviarei . Jesus salvou o mundo pelo sofrimento. O sofrimento pode e deve ser redentor.

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