terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A FAMOSA LEI DE GERSON!

Na última semana causou grande celeuma a disposição do Supremo Tribunal Federal de cassar por conta própria os mandatos dos parlamentares condenados no escândalo do Mensalão. Em flagrante desrespeito à Constituição, a instância máxima do Judiciário debate se pode interferir em outro poder, desrespeitando o princípio de independência entre os poderes.
Mal comparando, é o que está ocorrendo no Supremo. Hoje cassam deputados, amanhã retiram do cargo uma Presidente eleita pela população, sob argumentos tênues. Aconteceu algo parecido no Paraguai, e a oposição e especialmente a mídia defendem algo do gênero aqui no Brasil. O discurso é que "para tirar o PT do poder, vale tudo. Até rasgar a lei"
O leitor entende onde quero chegar?
Outra tendência que este tipo de postura "maquiavélica" vem demonstrando é que a sociedade brasileira atualmente em muitos momentos reflete de forma clara a teoria do cientista político Thomas Hobbes (1588-1679). Novamente simplificando, sua teoria versa que o homem é intrinsecamente anti-social e somente se move por desejo ou medo. A sociedade hobbesiana seria uma guerra de todos contra todos, outra vez estabelecendo uma redução grosseira.
O que vemos na sociedade brasileira hoje é uma verdadeira guerra, onde somente vale o bem individual e seu benefício sobrepondo-se e prevalecendo ao bem comum. De certa forma o ódio que parcelas mais elitistas da população sentem pelos governos do PT tem a ver com isso: as políticas distributivas de Lula e Dilma tiram a sensação de "exclusividade" e "vitória" das classes mais abastadas.
Ou seja, é um "salve-se quem puder". 
Pessoalmente, sou um radical legalista. Os objetivos finais podem ser muito nobres, mas se não está estabelecido na lei, sou terminantemente contra. Muitas ditaduras surgiram deste conceito enraizado de que um fim "nobre" justifica qualquer conduta. E exatamente por isso que acompanho com muita preocupação este ativismo do nosso Judiciário, ainda que aplaudido por parte da população.
Finalizo com um poema do grande dramaturgo alemão Bertold Brecht (1898-1956):
"Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo."
É isso. Ativismo sim, mas acima de tudo, respeito às leis.

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