segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O HAITI CONTINUA ESPERANDO AJUDA

Logo após tremores de terra abalarem o Haiti, em janeiro de 2010, provocando cerca de 250 mil mortes e arrasando boa parte do país, a começar pela capital Porto Príncipe, predominava a certeza de que tragédia maior não poderia acontecer na mais pobre nação das Américas. Se a relação for feita com o número de vítimas fatais, hoje esse pensamento continua correto. Mas se for levado em conta a reconstrução, com o sonhado retorno à normalidade, o sofrimento não se esgotou.

Treze meses depois do maior desastre climático do ano – e um dos maiores da história do planeta -, os haitianos permanecem rodeados de necessidades. A ajuda humanitária não veio na quantidade e na intensidade anunciadas; os recursos financeiros de muitos bilhões de dólares em discursos transformaram-se em poucos na prática; epidemias, como a de cólera, tiraram a vida de milhares de pessoas; o número de mulheres violentadas é incalculável; a maioria delas foi estuprada em acampamentos, onde ainda estão mais de um milhão de pessoas; o país vive na mais completa informalidade; falta comida; a água é escassa; os serviços, mesmo os essenciais, estão envoltos por deficiências; as estradas estão tomadas por buracos...
Em meio ao caos, dois candidatos disputam o segundo turno de eleições marcado para o dia 20 de março. Retomam a campanha nesta quinta 17, ainda sob denúncias de fraudes na primeira fase do pleito. A ex-primeira dama Mirlande Manigat e o cantor popular Michel Martelly são os candidatos – o governista Jude Celestin foi excluído pelo Conselho Eleitoral – para suceder René Préval, que deixa a presidência em 14 de maio. Para agitar ainda mais a política local, o ditador e ex-líder haitiano Jean-Claude Duvalier, conhecido como Bay Doc, retornou ao país e o governo emitiu passaporte que permite a volta do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, exilado na África do Sul desde 2004, quando um golpe popular o derrubou.
À grave crise econômica e social soma-se a incerteza política. Independente de quem vencer a eleição, será muito difícil acelerar o lento e insipiente processo de recuperação. Ninguém arrisca uma data para o fim dos problemas; todos afirmam que a ajuda internacional segue sendo imprescindível. Há dependência externa para quase tudo, inclusive para devolver segurança à população, um objetivo cada vez mais distante de ser alcançado.
Cozinha do inferno

É impossível andar por Porto Príncipe sem se deparar com cenários de destruição. Os escombros – terremoto produziu 60 milhões de toneladas de entulho – entopem ruas, canais, bueiros... Tão ou mais deprimente é penetrar no centro de distribuição de alimentos no bairro Bel-Air. Verduras estragadas misturam-se a roupas sujas e vísceras de porcos, cabras e aves. “É a cozinha do inferno, onde os haitianos comem o que o mundo rejeita”, escreveu a jornalista Laryssa Borges no portal Terra.













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