domingo, 14 de agosto de 2016

O PROBLEMA DA SEDE.

O Antigo Testamento confirma a sede como necessidade, mas também acentua a dramaticidade da sede. Quando Abraão expulsa Agar com seu filho Ismael, no caminho viu-se com falta de água e pensou: “Não quero ver o menino morrer”. Na angústia, Deus lhe abriu os olhos e ela viu um poço. Foi encher a vasilha com água e deu-lhe de beber. Seguiram o caminho, seguros na promessa de Deus.

No dramático processo de libertação do povo de Israel do Egito, narra-se a primeira praga da transformação da água do rio Nilo em sangue. Os peixes morriam e os egípcios não podiam beber água. Cavaram nos arredores do rio para encontrar água potável. O povo liberto também experimenta o drama da sede. Caminhando encontram água amarga. Murmuram contra Moisés dizendo: “O que vamos beber?”. Moisés age; apela para Deus em favor do povo e a água se tornou doce.

São muitas as narrativas que mostram o povo no deserto, revoltado pela dramaticidade da sede: “Dê-nos água para beber... Por que você nos tirou do Egito? Foi para nos matar de sede a nós, nossos filhos e nossos animais?”. Moisés dialoga com Deus e por sua palavra golpeia a rocha e dela jorra água abundante para seu povo.

Não é estranha no Antigo Testamento a interpretação da falta de água e da sede como castigo de Deus. Numa região onde não chove por seis meses, a falta de água transparece ainda com maior gravidade e dramaticidade. Na grande seca o profeta Elias, cujo nome significa “Javé é o meu Deus”, luta contra os cultos a Baal e outras divindades. Javé é o Deus da chuva e da fertilidade e não os ídolos. Peregrinando e ameaçado pela seca do córrego, vai a Sarepta e suplica pela água à viúva, que também se via em risco de morrer de fome e sede com seu filho. O Deus da vida garante o socorro aos pobres da terra e a certeza de novos cenários de vida.

Dramática é a descrição de 2Reis  “Os reis de Israel, Judá e Edom puseram-se em marcha. Depois de dar uma volta de sete dias, faltou água para o exército e os animais que os seguiam. O rei de Israel exclamou: “Ai de nós! Javé nos convocou para entregar os três reis nas mãos de Moab”. Situa-se então o profeta Eliseu como mediador do socorro de Deus neste cenário dramático e a água jorra com abundância. No Salmo 22, o inocente perseguido sente-se impotente e abandonado e até esquecido de Deus. Em linguagem simbólica, expressa seu drama: “Está seca como um caco de telha o meu paladar e minha língua cola-se ao céu da boca; tu me colocas na poeira da morte”. O profeta Isaías, no capítulo 5, iniciando seu ministério profético, proclama as seis maldições contra os poderosos de Judá e no versículo 13 diz: “É por falta de conhecimento que meu povo foi exilado; seus nobres morrem de fome e seus plebeus ardem de sede”. Em sentido metafórico, também se fala da sede de Deus e de sua Palavra: “A minha’alma tem sede de Deus”.

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