sexta-feira, 25 de março de 2016

OS DOIS FILHOS


Os Livros Sagrados não foram escritos, assim como figuram nas bíblias atuais. O texto era corrido, sem divisões. Para tornar o texto mais compreensível, ao longo do tempo, os teólogos dividiram os livros em capítulos e, mais tarde,em versículos. O arcebispo Estevão Langton, em 1220, dividiu a Bíblia em capítulos. Mais tarde - 1555 - Roberto Stephanus dividiu os capítulos em versículos. Outros trataram de colocar intertítulos para designar os diferentes temas. Finalmente o Papa Gregório VIII tornou oficiais as mudanças, em 1592.


Os intertítulos não são oficiais e podem ser mudados. O evangelista da misericórdia - Lucas - é o único que narra a parábola do pai com seus dois filhos. O texto foi conhecido como o Filho Pródigo. Edições mais recentes da Bíblia o denominam “Os dois filhos”. O espírito do ensinamento fica mais claro se usarmos o título; O pai misericordioso. Jesus não quis ressaltar a infelicidade do filho, mas a misericórdia do Pai. Foi a resposta de Jesus aos doutores da Lei que o acusavam de acolher os pecadores.

O filho mais novo não apenas exigiu a parte da herança que lhe cabia, mas desprezou todas as coisas do pai. Teve a pretensão de ser feliz sozinho, voltou as costas ao pai, ao seu passado e todos os seus valores. A experiência desastrada o levou a cuidar dos porcos, considerados pelos judeus animais imundos. Foi ali, no fundo do poço que teve saudade do pai. Sua redenção começa com a determinação: voltarei a meu pai.

Na contraluz aparece o filho mais velho, certinho, sem rebeldias e sem amor. Não estava preocupado com o irmão e não entendeu a misericórdia do pai.

O Ano Santo da Misericórdia, promulgado pelo Papa Francisco, pode sugerir um final diferente para a parábola. O filho mais novo dirige-se ao irmão e diz: pequei contra o céu e também contra ti. Por sua vez, o filho mais velho complementa: eu também te peço perdão porque nunca soube te amar, ajudar e aconselhar. Então o pai abraça os dois filhos, chora com eles e diz: nunca haverá festa igual a esta.

A Semana Santa torna atual a Misericórdia do Pai, que enviou seu Filho, não para condenar, mas para salvar. A Semana Santa não coloca em primeiro lugar o sofrimento de Jesus, mas seu amor, que o levou a assumir todas as consequências, inclusive a morte na cruz. E suas últimas palavras estão cheias de misericórdia: Pai, perdoai-os porque não sabem o que fazem.
 Todos nós, em diferentes momentos, temos o rosto do filho mais novo e do filho mais velho.

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