quinta-feira, 24 de março de 2016

OMBROS QUE CARREGAM

Cheguei a virar para trás para contemplar aquela cena: um pai carregando seu pequeno e sorridente filho nos ombros. A confiança era tão plena que o filho esbanjava espontaneidade. Quando a infância é rodeada da necessária proteção familiar, a construção da personalidade experimenta o que de mais natural a vida pode oferecer: a confiança. Aquele menino não pesava nos ombros do alegre pai. Ambos provavam do privilégio da pertença mútua, da proteção e do amor, como laços que entrelaçam o viver.

Carregar algo nos ombros não é cena incomum. No passado, a ausência de outros meios forçava o trabalho braçal. As lidas do campo e o cultivo da lavoura obrigava o uso dos ombros para transportar desde ferramentas até um feixe de pasto. A força física era medida também pela resistência e capacidade de suportar peso. O ombro participa de todos os movimentos na musculação. Nem todas as articulações exercem tal flexibilidade, em ângulo e grau de movimentos.

Especialistas afirmam que os ombros, além da resistência e força para suportar peso e movimentos, concentram a tensão muscular. Depois de um dia de exigente trabalho, os músculos e tendões podem necessitar de exercícios que aliviem a sobrecarga que fora acumulada. Quando o emocional se distancia do necessário equilíbrio, a tensão pode se tornar ainda mais intensa. Os mesmos ombros que carregam o sorridente menino podem se tornar como que um depósito das energias que tencionam o corpo, como um todo.

Todos os ombros são abençoados. Porém, os ombros que transformaram a história da humanidade jamais serão esquecidos. Jesus de Nazaré emprestou os humildes ombros para carregar a pesada cruz. A consciência da missão não impediu que o madeiro provocasse três quedas. No entanto, Jesus se ergue e continua o caminho em direção ao Calvário. Não era apenas o peso da madeira que estava nos ombros do Filho de Deus. Os pecados da humanidade eram transportados para o alto monte, lugar do castigo e da remissão.

Os tempos são outros, mas a cruz continua pesando em frágeis ombros, que não conseguem erguer-se das forçadas quedas. Uma certeza ecoa: aqueles ombros suportaram o peso de nossos pecados. Nos ombros de Jesus, a cruz se transformou em luz. O menino sorridente, carregado nos ombros de seu pai, traz presente a vitória da vida. No terceiro dia, Ele ressuscitou. Felizes os ombros que carregam a esperança.

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