sexta-feira, 11 de março de 2016

MORTE E VIDA

Este título pode parecer estranho e complicado. Refletindo e meditando no dia de finados, surgiu-me esta reflexão que decidi escrever. É possível que algum leitor discorde, ou duvide desta verdade. Se acontecer, creio que haja razões para isso. Para tanto vamos pensar juntos. Quando se fala em morte, logo temos a ideia de que seja o fim de tudo. Terminou a ação, os recursos humanos se foram, a medicina não tem o que fazer senão registrar a causa do fato. Enfim, revestimos a morte como a realidade que tudo paralisa.

Olhando com realismo, sabemos que o sofrimento e a morte são realidades humanas que estão sempre provocando a capacidade científica para encontrar soluções, remédios e cuidados para que as pessoas tenham qualidade de vida e longevidade em sua existência aqui na terra. Viver mais, viver melhor, viver sem morrer, parece o sonho motor que mais impele reais investimentos de tempo, capacidades, meios de defesa e mesmo bens econômicos.

Apesar de tanto empenho, tantas descobertas, tantos êxitos, tantos recursos e tantos discursos, a morte continua sendo inevitável para todo o ser humano. Se a razão se vê sem argumentos ou até derrotada, se os apegos e afeições encontram barreiras inexpugnáveis diante da morte, o coração e a raiz do ser da cada pessoa continuam se sentido fortemente provocados pela morte.

Como nos certificamos desta provocação tão forte que habita em nós? Como podemos atribuir à morte, aparentemente inerte, tamanha força provocadora? Certamente essa inquietação que nos acompanha e habita as profundezas de nosso ser, não é uma realidade circunstancial, mas essencial. Nós não queremos morrer! Nem queremos que morram aqueles e aquelas que amamos e nos amam.

Nossa condição mortal nos provoca para a imortalidade. A eternidade nos provoca a superar os limites do tempo. Toda a questão está em nos dar conta de que Deus nos chama para a “vida em plenitude”. E a plenitude não se fecha no limite do tempo e nem do espaço. Somos mais! Nosso viver é maior do que o período de tempo que aqui vivemos e datamos em nossos túmulos. Teimosamente queremos que nossa vida continue e se eternize.

Neste anseio incontido de eternização de nosso viver, há um único investimento que garante o êxito. São João da Cruz dizia que nós seremos julgados pelo amor. Na vida e na história, tudo passa, só não passa o amor. O amor tem muitas faces. Revela-se na paciência, na fidelidade, na bondade, na generosidade, no perdão, na ternura, nas muitas obras de misericórdia, na alegre participação da comunidade, na oração, na acolhida dos sacramentos e na celebração do Mistério Pascal de Cristo, que se renova em cada oração participada.

Deixar-nos provocar pela morte, significa encostar a nossa vida com nossas cruzes e luzes, limites e superações, naquele que deu a maior, melhor e definitiva resposta à provocação da morte: Jesus Cristo, o Crucificado Ressuscitado. Amém!

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