quarta-feira, 2 de junho de 2010

SEM SONHOS NOS TORNAMOS INFELIZES

O jovem rico e desiludido chegou a uma choupana, no alto de uma montanha. Ali morava um monge a quem apresentou seu problema. Mais uma vez as palavras não surtiram efeito. Numa atitude imprevista, o monge agarrou a maleta do visitante e saiu correndo pela estrada. Quando se distanciou bastante, colocou a bagagem no meio do caminho e escondeu-se atrás de uma árvore. Depois de meia hora, surgiu o rapaz, sentindo-se miserável e infeliz por causa do ladrão. Assim que viu a mala, correu para ela e, ao perceber que nada faltava, olhou para o céu e cheio de alegria agradeceu a Deus por tanta felicidade.

Um dado estatístico impressiona: a taxa de suicídios é maior nos países ricos e atinge, sobretudo, os jovens. Eles já conseguiram tudo - absolutamente tudo - o que queriam da vida. Não têm mais sonhos, só lhes resta o tédio. Aqueles que precisam enfrentar desafios não têm tempo para o tédio. Aqueles que possuem tudo não se preocupam com aqueles que sofrem ou nada têm. Ao contrário, os que tentam superar as dificuldades dos outros encontram um sentido para viver. É o serviço quem dá sentido à vida.
Muitas vezes só percebemos o valor das coisas quando as perdemos. Isso inclui a saúde, as pessoas amadas, a fé, a paz interior. E quando tudo isso acaba, surge o vazio a que chamamos de tédio. É a falta de uma razão para viver. Ninguém pode abrir mão da esperança e dos sonhos. Aquele que pensa ter realizado todos os seus sonhos torna-se um desiludido e infeliz. E muitas vezes, este é o momento de Deus. Precisei tornar-me infeliz para lembrar-me de Deus, admitiu um jovem. O Filho Pródigo teve saudade do Pai quando deu-se conta de estar no país da solidão.

A alma humana é demasiadamente grande para se satisfazer apenas com coisas materiais. Francisco de Assis, após deixar tudo, encontrou a perfeita alegria e um vigoroso sentido para viver e servir. Ninguém precisou roubar-lhe a bagagem de seus tesouros. Ele a jogou fora. E descobriu um Senhor para servir e que substituiu o tédio de sua juventude pela realização plena, realização humana e divina.

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