quarta-feira, 9 de junho de 2010

ATRAVÉS DAS FRESTAS DO COTIDIANO É QUE VEMOS DEUS.

A planície, cheia de flores, pássaros e searas, era cortada por um rio caudaloso. Alheio à festa da vida, um penitente impunha a si mesmo os maiores sacrifícios e privações. Um homem de Deus passou por ali e estranhou seu comportamento. Quis saber a razão disso e o penitente explicou: desejava o poder de fazer milagres e assim caminhar sobre as águas do rio. O visitante ponderou: irmão, nada vais lucrar com tanto trabalho, perda de tempo e penitência. Existe uma solução melhor: dá uma moeda ao barqueiro e ele te transportará para o outro lado do rio.

Há quem imagine alcançar o céu à custa de penitências.  A travessia para o céu é bem mais fácil e se alcança com a moeda do amor. Os milagres podem acontecer, mas não fazem parte do ordinário da vida. O maior sinal - o maior milagre - é o amor ao próximo. E isso acontece no ordinário da vida. Poucas vezes teremos a possibilidade de fazer algo extraordinário, mas devemos viver de maneira extraordinária o nosso dia a dia. É através das frestas do cotidiano que vemos a Deus.
Jesus, o Mestre, viveu trinta anos fazendo coisas ordinárias na oficina de José. Ele foi ajudante de carpinteiro e isso assombrou seus conterrâneos. Jesus aprendeu na escola do cotidiano.
Jesus evitava as sinagogas, preferindo a pregação nos caminhos e por isso os evangelhos estão cheios de imagens comuns: a rede cheia de peixes, os trigais maduros, lírios do campo, pardais, rebanhos, sem esquecer a mãe de família que amassava o pão e varria a casa. São Francisco de Assis via o mundo como templo de Deus e tudo lhe falava do Pai.  No anoitecer da vida seremos julgados pelo amor. Mais que fazer milagres, Deus aprecia a moeda dada ao barqueiro.

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