sábado, 26 de junho de 2010

COPA DO MUNDO: O POVO QUER PÃO E CIRCO

Coloridas e irritantes, as vuvuzelas marcam o megaevento do futebol mundial na África do Sul. A ilusão e a realidade correm lado a lado diante de uma plateia, para todos os jogos, incluindo TV, avaliada em 30 bilhões de espectadores.

De um lado aparece o esplendor do primeiro mundo, de jovens sadios, ganhando verdadeiras fortunas mensais, de outro lado sofridos torcedores que, com privações, concedem a si mesmos o privilégio de assistir, ao longo de 90 minutos, um espetáculo de qualidade duvidosa. Para o Mundial foram erguidos estádios faraônicos e hotéis cinco estrelas. Para isso foi necessário desativar - e reassentar - dezenas de favelas.
As contradições não terminam aí. O mundo do futebol é um mundo totalmente organizado, com dinheiro, regras, datas, esquemas. Em matéria de organização, a FIFA dá goleada na ONU. O mundo, que se situa além dos estádios, é sombrio, sem leis e cheio de violências. Pela primeira vez, a Copa do Mundo tem lugar na África. Pode até ser um tardio pedido de perdão para o continente, explorado e esquecido, onde se situam as maiores taxas mundiais de pobreza, fome e doenças, sobretudo a Aids.
Na velha Roma, os imperadores providenciavam pão ou circo. O circo do futebol é associado ao patriotismo. Classicamente a seleção é a pátria de chuteiras. A mídia globalizada leva ao público até os mais insignificantes detalhes do dia a dia. E ela tem o suporte de multinacionais de métodos duvidosos. No Brasil, o Mundial é uma competição de marcas de cervejas. É a copa do copo, e o gol deve equivaler a muitos goles. A tímida recomendação beba com moderação não afasta o perigo do álcool, especialmente para as novas gerações. De resto, uma partida de futebol é apenas uma partida. A ilusão passa ou é substituída, a realidade fica. Em lugar de pão, o circo. E o Brasil está na fila.

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