segunda-feira, 30 de junho de 2014

PARA PENSAR: O CRIADOR E A SEMENTE.

Muito se fala, nestes tempos novos, de busca de raízes. Raízes familiares, religiosas e culturais. É a busca de fundamentos que deem sustento ao momento presente. No meio dessa conversa e busca surge uma questão. As raízes são importantes, mas há algo mais importante que as raízes.
Sim, as sementes são mais importantes que as raízes. A raiz é fruto e consequência de uma semente lançada e cultivada. Ter, plantar e cuidar da semente é o que importa. Ela guarda dentro de si o segredo do futuro. O segredo da vida. Porém, a semente me levou a dar mais um passo.
A terra é mais importante que a semente. Não existisse a terra de que valeriam as sementes? Não teriam lugar para germinar. Não teriam a umidade e o calor, o aconchego e o alimento da terra. Por isso a terra é chamada de mãe e irmã. É mãe porque gera, cria, sustenta e governa. Mas, a terra me lembrou outra realidade.
O semeador é mais importante que a terra. Não houvesse o semeador pouco valor teria a terra. Poderia ser ela bem cuidada, terra boa, mas se não houvesse o semeador que lançasse ali a semente, ela teria pouco valor. Seria simplesmente estéril. Porém, o semeador sem a semente não teria função e valor.
Voltamos novamente à semente. Ela é a fonte da vida. Tudo é consequência de uma semente. Tanto a vida da terra como a vida humana. A criatura humana é fruto da semente colocada no coração da mãe. É no interior de cada semente que está o mistério da vida. Vida que permanece no silêncio por anos e anos, até encontrar ambiente para desabrochar. Mas a semente não fica fechada em si mesma. Ela nos diz: a vida em mim nasce de outra fonte de vida. Entra em cena o Criador da semente.
O Criador é mais importante do que a raiz, mais importante que a semente, mais importante que a terra e o semeador. Deus é o grande celeiro de todas as sementes. Não há vida que não nasça de sua vida. Todas as sementes têm nele origem. Em cada semente há uma semente de Deus. O cientista, que pode ser descrente de Deus, vendo as grandes realidades do dia a dia da vida, necessariamente deve ajoelhar-se diante da semente do código genético, diante do DNA e de tantos outros segredos da vida, onde a ciência chega, e ali para. Feliz a pessoa que, parando diante do mistério da vida tem a humildade de confessar: eu creio. Tem a humildade de ajoelhar-se e declarar-se simples criatura, maravilhosa obra do Criador. O grande gesto de humildade de todo homem e mulher é saber declarar-se criatura, dependente do Criador. O mal e a desordem entraram no mundo e no coração do homem, no momento em que este declarou sua independência. No momento em que a criatura humana se fechou em si mesma, em sua autossuficiência. E o pecado que está na origem de toda criatura humana nada mais é do que essa permanente tendência de declarar-se o deus de si mesmo e de seus atos. Até que não nascer no coração das pessoas o gesto de humildade de declarar-se criatura e dependente de Criador, nada mudará em nossa sociedade.

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