quinta-feira, 26 de junho de 2014

TEM CARRO DE MAIS

O excessivo conforto gera o desconforto. Há pessoas que possuem tanto que nem sabem onde guardar o que amontoaram. Dinheiro demais gera enormes pepinos com o fisco e com os ladrões. Carros demais nas ruas e avenidas tornam a cidade mais lenta e mais irada.
As ruas de algumas cidades brasileiras mostram riqueza e desconforto. Quando um carro para cinco pessoas leva apenas o motorista, pode-se apostar que há carro demais nas ruas. Todo mundo sabe disso, mas poucos aceitam ir de metrô ou em coletivos para o trabalho. O carro que seria bom para o fim de semana vai ocupar uma garagem a preços nada convidativos e, duas vezes por dia, engarrafar a vida da cidade.
Mudaremos de hábito? As chances são pequenas. O mais provável e que assim prosseguiremos até quando não for mais possível usar o carro, porque as prefeituras, duas vezes por semana proibirão o seu uso, cobrarão pedágio para entrar em determinadas áreas, os estacionamentos custarão mais caro e as taxas ficarão cada dia mais extorsivas.
Um casal de amigos meus, em Munique, levou-me a conhecer a cidade por ônibus e metrô. Foi um passeio inesquecível. Por que não o fazemos aqui? Por uma triste razão: o Brasil chegou tarde e está em débito no quesito transportes. No dia em que ter carro em cidades grandes do Brasil não for mais questão de sobrevivência do emprego, talvez nossas ruas voltem a ser transitáveis. Mas a culpa é menos do usuário do que dos governantes. Adiaram demais o inadiável e como sempre, mais do que dinheiro, faltou vontade política.

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